Pode haver uma “flexibilização” do uso da máscara, sim, mas há locais onde deve continuar a ser usada: eventos, aglomerados e escolas, nomeadamente nos recreios. Apesar de o caminho ser em direção à normalidade, os portugueses devem continuar a andar com uma máscara no bolso. As recomendações foram feitas esta quarta-feira pela diretora-geral da Saúde e por dois peritos da DGS que foram ouvidos numa comissão no Parlamento, na sequência de um requerimento do PSD.

A recomendação vai no sentido de, em aglomerados e em contextos especiais — escolas, no recreio, em que estarão muitos jovens juntos, eventos. A própria mobilidade em determinados sítios da cidade poderá constituir uma exceção, uma recomendação diferente porque permite o contacto direto e próximo entre pessoas”, disse Graça Freitas.

A diretora-geral da Saúde defendeu que “cada um de nós deve continuar a ser portador de uma máscara e, em caso de necessidade — ou porque já sabe que vai para um contexto onde estão muitas pessoas ou porque pode acontecer — essa máscara deve ser colocada”.

Graça Freitas lembrou que “a transmissão indireta do vírus é por acumulação de aerossóis e obviamente essa via é muito menos eficaz no exterior do que no interior” e adiantou que a orientação da DGS sobre as máscaras será atualizada, sem dizer quando. E que será feita uma ou várias campanhas sobre esta temáticas, com os objetivos e exceções do seu uso ou não. “Teremos de continuar a contemplar exceções perante os aglomerados”, rematou.

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Depois de Graça Freitas, Pinto Leite, chefe de divisão de Epidemiologia e Estatística da DGS, e Valter Fonseca, coordenador da Comissão Técnica de Vacinação contra a Covid-19, apontaram a diminuição de casos de infeção e da transmissibilidade, a tendência decrescente dos internamentos e a “posição cimeira [de Portugal] em matéria de vacinação”, para depois concluir: “Tudo isto permite-nos hoje ter a sustentação, nas várias variáveis, na evolução para uma flexibilização das medidas, como utilização de máscara — muitas outras medidas existem e vão continuar a ser aplicadas“, afirmou Valter Fonseca.

PSD alerta que queria ouvir os peritos do Infarmed e não Graça Freitas

Esperava-se que audição fosse ao Grupo de Epidemiologia da Direção-Geral da Saúde, mas quando começou pouco depois das 9h00 desta quarta-feira, foi Graça Freitas, Valter Fonseca e Pinto Leite que apareceram por videochamada. De acordo com a agência Lusa, o requerimento do grupo parlamentar do PSD, apresentado em 21 de agosto, pedia uma audição urgente dos especialistas da DGS que têm participado nas reuniões do Infarmed.

Antes da ronda, a deputada do PSD Sandra Pereira, lembrou isso mesmo: “O PSD queria ouvir — e terá havido algum ruído —, não a direção-geral da saúde, mas sim o grupo de peritos que assistia às reuniões do Infarmed”.

Já no final da audição, o deputado do Bloco de Esquerda Moisés Ferreira, dirigiu-se à presidente da comissão para criticar o facto de, “contra tudo o que é normal”, ter sido permitido “o agendamento a mais alta entidade de saúde” para “aquilo que o PSD afinal já tinha decidido“. Certo é que o Parlamento aprovou a audição pedida pelo PSD a 21 de agosto, esta terça-feira, já depois de o partido ter anunciado que é contra a continuidade da obrigatoriedade do uso de máscara.