O ministro da Defesa defendeu esta quarta-feira que a retirada das tropas da NATO do Afeganistão confrontou a União Europeia com a sua dificuldade em mostrar capacidade, relevância e iniciativa estratégicas e que devem ser retiradas as “devidas lições”.
João Gomes Cravinho presidia à abertura do seminário “Info Day Portugal – Fundo Europeu de Defesa”, uma iniciativa da IdD Portugal Defence, em parceria com a Direção-Geral de Recursos da Defesa Nacional e o Instituto da Defesa Nacional, que decorre esta quarta-feira neste instituto, em Lisboa, e cujo objetivo é conhecer melhor o contexto, objetivos e modalidades de participação no Fundo Europeu de Defesa.
“A Defesa europeia vive hoje um momento de profundo questionamento. O processo de retirada das forças Aliadas do Afeganistão confrontou a União Europeia com a sua dificuldade em mostrar capacidade estratégica, relevância estratégica e iniciativa estratégica”, declarou.
Para o governante, esta realidade obriga a UE a tirar as “devidas lições”.
“Desde logo, a União precisa de elevar o seu nível de ambição e reforçar as suas capacidades militares. Não podemos estar dependentes de outros para defender interesses vitais nossos que podem não ser interesses vitais de outros”, advogou.
Na ótica do ministro, o Fundo Europeu de Defesa visa “preencher as lacunas da União ao nível estratégico”, que têm impedido a UE de ser “um ator global relevante” e que, em alguns domínios, tornam a União mais dependente de terceiros e vulnerável à interferência de atores externos.
Gomes Cravinho defendeu que “uma indústria de defesa forte é crucial para a efetiva autonomia e capacidade de cumprimento das missões das Forças Armadas”.
“Mas é crucial também para afirmar o papel de Portugal na Europa da defesa, e para credibilizar o nosso contributo para uma cultura estratégica comum e uma identidade europeia de defesa”, aditou.
O ministro destacou o papel das empresas portuguesas de Defesa para a economia nacional, responsáveis por “cerca de 3% do total de exportações do país“, com potencial para crescer.
“As empresas de defesa têm um papel importante na nossa economia que deve continuar a ser reforçado, são um motor de inovação e de emprego qualificado. A Economia de Defesa em Portugal já é responsável por cerca de 3% do total de exportações do país e tem potencial para crescer ainda mais”, declarou.
Segundo o governante, para estas empresas, o FED “representa uma oportunidade para alavancar o seu crescimento e promover a sua especialização e internacionalização”.
O Fundo Europeu de Defesa, aprovado em abril, conta com uma dotação financeira de cerca de 7,9 mil milhões de euros até 2027 e tem por objetivo geral promover a competitividade, eficiência e capacidade de inovação da base tecnológica e industrial de defesa europeia em toda a União, contribuindo para a sua autonomia estratégica, por meio do apoio a ações de colaboração e à cooperação transfronteiriça entre entidades jurídicas da UE, em particular Pequenas e Médias empresas e empresas de média capitalização.