O comércio internacional de bens caiu significativamente como consequência da pandemia e das medidas tomadas pelos governos para tentar contê-la. Foram várias as causas directas que provocaram esse efeito económico, desde as dificuldades logísticas que numa primeira fase se verificaram para a fabricação e transporte de bens ao impacto da desaceleração ou quebra do consumo, na sequência das limitações à circulação e ao funcionamento do comércio.
O impacto nas exportações portuguesas de bens – portanto, o indicador de que falamos não abrange os serviços, deixando o turismo de fora – foi imediato quando a pandemia foi declarada.
Em Março de 2020 as vendas de bens ao exterior registaram já uma quebra de 13,2% quando comparadas com as que se tinham registado no mês homólogo do ano anterior mas foi em Abril que se verificou a maior quebra (sempre valores mensais homólogos): 41,5%. Em Maio continuaram a afundar (38,7%) e mantiveram sempre uma perda face ao ano anterior, com excepção de Setembro (+0,4%).
A clara inversão de tendência deu-se já em 2021. Por um lado, o levantamento das principais limitações foi permitindo um regresso da economia à normalidade. Por outro, quando se compara a performance das exportações deste ano com 2020, a baixa base de partida permite observar enormes e anormais taxas de crescimento homólogo: 82,4% em Abril e 54,6% em Maio.
As importações seguiram um padrão semelhante de variação, embora com amplitudes diferentes das verificadas nas exportações.
Este artigo faz parte de uma série chamada “Pandemia em Números”, onde se analisa a economia portuguesa na sequência da Covid-19. Trata-se de uma parceria entre o Observador, a Fundação Francisco Manuel dos Santos e a Pordata.