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Moedas ao ataque: "Medina dá vontade de rir. Seis anos e não fez absolutamente nada"

Este artigo tem mais de 3 anos

O candidato social-democrata esteve em Alcântara e Belém e não poupou nos ataques a Fernando Medina. Criticou-lhe a "petulância", a ausência de respostas e dramatizou: "Não podem ficar em casa".

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JOSÉ FERNANDES/OBSERVADOR

JOSÉ FERNANDES/OBSERVADOR

Carlos Moedas tira a máscara por breves instantes. “Desculpem a invasão, mas é importante uma pessoa apresentar-se”. Atrás dele, no Café dos Pintos, na freguesia de Alcântara, a comitiva vai-se acotovelando para ouvir a conversa entre candidato e os dois orgulhosos proprietários do botequim que promete litrosa de Cristal a 1,65€.

O casal, primeiro ela e depois ele, queixa-se da (inexistente) recolha do lixo e da falta de apoios. Moedas ouve, acena e compadece-se com as dores alheias. Hesita em aceitar o café oferecido (“isso não tem jeito…”), mas lá acaba por fazer o jeito ao senhor António, camisola caveada preta, barriga proeminente.

JOSÉ FERNANDES/OBSERVADOR

O Bairro dos Jacintos, ladeira para cima, ladeira para baixo, é uma espécie de twilight zone escondida pelos cafés e restaurantes da moda de Alcântara. Casas degradadas, quando não entaipadas, lixo pelo chão, praticamente deserto de gente. Uma realidade “indigna” para uma cidade que se diz ser uma das capitais europeias, afirmaria mais tarde Moedas.

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Os que interpelam a comitiva — Filipe Anacoreta Correia, Pedro Simas, Laurinda Alves, alguns jotas… — não escondem a indignação. “Se o senhor fosse da câmara dizia-lhe uma ou duas. Deixam as pessoas a dormir na rua, na miséria“, insurge-se a matriarca de uma família de três.

Um olhar mais atento permite perceber que vivem na rua, numa carrinha branca adaptada para o efeito. Não querem ser filmados, desconfiam da comunicação social e ainda mais das reais intenções do candidato. Moedas dá ordem de marchaà comitiva, prometendo voltar sem os jornalistas.

Mais à frente, no autoproclamado “Rei do Choco Frito”, as queixas à falta de condições de habitabilidade repetem-se. Nas costas do café-restaurante, o piso térreo de um prédio camarário está fechado a cadeado para segurar uma porta com sinais de arrombamento.

Quando abertas as portas, vê-se lixo, dejetos de animais e um sistema de esgoto que cedeu há demasiado tempo e que há demasiado tempo que está sem conserto.

JOSÉ FERNANDES/OBSERVADOR

“O Medina faz campanha aqui?”, comenta um dos membros do staff de Moedas, genuinamente surpreendido com o que vira. “Não deve fazer aqui, nem em lado nenhum“, corta o candidato social-democrata.

O que viu é-lhe suficiente para atacar o adversário direto. Aos jornalistas, Moedas denuncia o permanente passa-culpas entre autarquia e juntas de freguesia, a falta de intervenção de Medina, a ausência de uma política de higiene urbana e ofalhanço na Habitação.

Aponta-lhe a “petulância” e a ironia de dizer que a candidatura não tem propostas para habitação. “Medina dá vontade de rir. Seis anos, não fez absolutamente nada e eu é que não tenho propostas.”

De Alcântara para o Belém, do Bairro dos Jacintos para o jardim ao lado da pastelaria “Careca”, a cidade parece outra. Moedas junta-se à apresentação da recandidatura do presidente da Junta, Fernando Ribeiro Rosa, rodeado de rostos conhecidos: Telmo Correia, Ana Rita Bessa e Diogo Belford Henrieques, do CDS, Paulo Mota Pinto, José Matos Rosa, Luís Newton, do PSD.

Embalado pelos elogios de Telmo Correia e de Fernando Ribeiro Rosa, Moedas tomou a palavra e resumiu a principal mensagem da candidatura: os próximos dias serão “cruciais“, todos os votos contam e ele é o único que pode derrotar Medina.

“Preciso de cada um de vós. Não podem ficar em casa. O único que pode dar a mudança de que Lisboa precisa sou eu. Estamos prontos e vamos ganhar”, rematou o social-democrata. Apelo ao voto útil e dramatização. Está encontrado o tom para o que resta da corrida.

JOSÉ FERNANDES/OBSERVADOR

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