O presidente do PSD considerou esta sexta-feira que a Comissão Nacional de Eleições (CNE) já “deu razão” ao partido sobre as queixas de falta de neutralidade do Governo na campanha, e não pretende apresentar uma queixa formal.

Questionado à margem de uma ação de campanha em Setúbal, Rio considerou que o importante “é que o eleitorado perceba que o primeiro-ministro usa a sua função para prometer em cada canto e em cada esquina milhões aqui e milhões acolá”.

“Não vale a pena fazer a queixa, está feita, a CNE na prática já disse que temos razão, agora o que quero é que os eleitores castiguem e digam aos políticos que não vale a pena andarem a prometer o que não vão cumprir”, defendeu, considerando que “o expoente máximo” desta forma de fazer política foi o anúncio da nova maternidade para Coimbra.

Rio admitiu que esta atitude do PS e do Governo pode indicar algum “desespero de causa”: “Talvez tenham indicadores que isto não vai correr exatamente como pretendiam”.

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“Se os portugueses querem ser consequentes com as críticas aos políticos que prometem e não cumprem, aqui têm uma oportunidade de explicar ao dr. António Costa que, sendo um político tão experimentado, ainda não aprendeu essa parte: não se pode, ou melhor, não se deve enganar assim as pessoas”, apelou.

O semanário Expresso contactou a CNE sobre este tema, que tem dominado a campanha autárquica, e fonte oficial admitiu que esta questão se “enquadra no âmbito dos poderes de escrutínio da Comissão”, mas ressalva que este organismo só pode agir mediante a receção de queixas.

“Independentemente do sentido que viesse a ter uma decisão”, explica ao Expresso João Tiago Machado, porta-voz da CNE, este caso “poderia enquadrar-se no âmbito dos deveres de neutralidade e imparcialidade dos titulares de cargos públicos”. Ou seja, os membros do Governo devem abster-se de usar o seu cargo para beneficiar candidatos.