As autoridades do Líbano apreenderam no leste do país 20 toneladas de nitrato de amónio, a substância química que causou a devastadora explosão no porto de Beirute há um ano, indicou hoje a agência oficial. O nitrato de amónio é um sal branco e inodoro usado como base de fertilizantes e como explosivo industrial.

A explosão ocorrida a 4 de agosto de 2020 no porto de Beirute e atribuída pelas autoridades ao armazenamento sem medidas de precaução de cerca de 2.750 toneladas de nitrato de amónio causou pelo menos 214 mortos, mais de 6.500 feridos e destruiu bairros inteiros da capital libanesa.

Segundo a agência nacional de informação (ANI), as forças de segurança fizeram buscas na sexta-feira num entreposto de fertilizantes no vale de Bekaa e apreenderam 20 toneladas de nitrato de amónio armazenadas num camião. A carga foi transportada para um “local seguro”.

Grande parte do vale de Bekaa é considerado um feudo do grupo xiita libanês Hezbollah, movimento armado com uma influência determinante no país. É também um centro das operações de contrabando entre o Líbano e a vizinha Síria. O ministro do Interior libanês, Bassam Mawlawi, deslocou-se hoje a Bekaa e pediu às forças de segurança para realizarem buscas em toda a região.

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“Devemos fazer o melhor que pudermos para transportar estas substâncias para um local seguro, ao abrigo do sol e do calor” para evitar “uma catástrofe”, disse, citado pela ANI. Um responsável da empresa proprietária da carga disse que o fertilizante apreendido se destinava à agricultura

“Um dos nossos empregados informou as autoridades competentes da presença do nitrato de amónio (no entreposto), o que motivou a busca”, disse a mesma fonte, que não quis ser identificada, à agência France-Presse. “Trabalhamos na indústria de fertilizantes e de alimentos há 40 anos”, acrescentou.

O nitrato de amónio pode tornar-se altamente explosivo se misturado com combustível, receando-se que seja desviado com fins terroristas. A investigação sobre a explosão no porto de Beirute ainda não foi concluída. A classe dominante, odiada por grande parte da população, é acusada de tudo fazer para torpedear o inquérito e evitar as acusações.