Os mercados em Lisboa estão “na linha da frente de defesa” do PAN, que “não é só cães e gatos”, disse este sábado por diversas vezes a candidata do partido à câmara, durante uma visita à Feira da Ladra.

“Os mercados da cidade estão na nossa linha da frente de defesa”, disse Manuela Gonzaga, que encabeça a lista do Pessoas-Animais-Natureza (PAN) à câmara de Lisboa nas autárquicas de 26 de setembro, logo no início da visita, ao único vendedor no mercado de produtos biológicos que funciona no jardim Botto Machado, junto ao espaço da Feira da Ladra.

A frase foi repita depois por diversas vezes por Manuela Gonzaga, quando falou com outros vendedores da Feira da Ladra, mas também compradores e visitantes do mercado, a quem foi oferecendo sacos de pano reutilizáveis e folhetos.

“Tem aqui o programa, um link [para o programa do PAN para Lisboa]. As pessoas acham que nós só somos cães e gatos, não é verdade. Ambiente, pessoas e animais”, disse Manuela Gonzaga a um dos livreiros instalados no mercado de Santa Clara.

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Também esta mensagem foi repetida pela candidata por diversas vezes, que também por diversas vezes falou com pessoas que manifestaram apoio a propostas do PAN, mas lamentaram alguns “fundamentalismos” em relação à causa animal ou “algum excesso a atacar instituições e tradições seculares”, numa referência às touradas.

A uma acusação de “fundamentalismo”, Manuela Gonzaga respondeu que existe, “mas não é do PAN”.

“Nós temos sido muito enquadrados nessas franjas, que não são o que nos define. (…) Vou-lhe pedir um favor, leia o nosso programa e vai ver que a causa humana é um dos nossos grandes pilares. Só que não nos associam a isso. É um dos grandes pilares. Pessoas, animais, natureza. O que nós defendemos é uma integração harmoniosa de todos, as pessoas não são animais, os animais não são pessoas, as árvores não são animais, claro”, afirmou, enquanto conversava com um antiquário que disse ser cuidador de colónias de gatos, sentir “amor pelos animais”, mas discordar de radicalismos, porque “os animais não podem ser tratados como se tratam as crianças”.

Em relação às touradas, Manuela Gonzaga defendeu a luta do PAN, que se bate pelo fim imediato das corridas de touros, sublinhando que sendo uma atividade financiada, com “uma borla de 12 milhões na câmara”, não desaparecerá “sem pressão” no espaço de uma geração, com a mudança de mentalidades em curso, como lhe disse um homem.

Mas nesta volta pela Feira da Ladra, a maioria daqueles que falaram com o grupo do PAN (de uma dezena de pessoas) foi para assumir que partilhavam da defesa dos direitos e do bem-estar animal. E foram também várias as pessoas que manifestaram apoio à candidata e que lhe elogiaram a prestação nos debates recentes na televisão.

Manuela Gonzaga garantiu à Lusa que “há sempre uma palavra positiva” da parte da generalidade das pessoas com quem tem contactado nesta campanha eleitoral. Pouco antes, tinha-se congratulado, numa troca de palavras sobre colónias de gatos, por ser possível “já estar a falar disto sem ter uma data de gente à volta a rir”, o que atribuiu ao trabalho do PAN.

A visita terminou perto do local onde havia começado cerca de duas horas antes e onde já houve cinco vendedores de produtos biológicos, mas onde este sábado resiste apenas um, por causa “da falta de estacionamento”, segundo o próprio vendedor.

Do lado de fora do jardim, um vendedor de velharias lamentou a gestão, pela câmara, das licenças para estar na feira e denunciou as ameaças que diz haver a um mercado centenário e símbolo de Lisboa por causa dos projetos hoteleiros para a zona.

Manuela Gonzaga voltou a prometer apoios a esta “verdadeira economia circular”, ao “pequenino negócio” e à “iniciativa pessoal”: “Vamos fazer o máximo que nós pudermos. Estamos nesta linha, esta é a nossa linha da frente, estamos com as pessoas.”

Além de Manuela Gonzaga, concorrem à Câmara de Lisboa, atualmente governada pelo PS, Fernando Medina (PS/Livre), Carlos Moedas (PSD/CDS-PP/PPM/MPT/Aliança), João Ferreira (CDU — PCP/PEV), Beatriz Gomes Dias (BE), Bruno Horta Soares (IL), Tiago Matos Gomes (Volt Portugal), Nuno Graciano (Chega), João Patrocínio (Ergue-te), Bruno Fialho (PDR), Sofia Afonso Ferreira (Nós, Cidadãos!) e Ossanda Liber (movimento Somos Todos Lisboa).