A Polónia acusou esta segunda-feira a Rússia e a Bielorrússia de estarem na origem de uma vaga de migração desde o Médio Oriente, ao mesmo tempo que enviou 500 soldados para travar a entrada de imigrantes ilegais nas suas fronteiras.
Nas últimas semanas, milhares de migrantes, principalmente do Médio Oriente, tentaram cruzar as fronteiras da Bielorrússia com países membros da União Europeia (UE) – Letónia, Lituânia e Polónia — provocando uma onda de protestos contra o Governo de Minsk e de Moscovo.
“Estamos a lidar com uma ação bem organizada, dirigida a partir de Minsk e de Moscovo”, denunciou esta segunda-feira o primeiro-ministro polaco, Mateusz Morawiecki, durante uma conferência de imprensa.
“Defenderemos as fronteiras da Polónia com total determinação”, prometeu o chefe de Governo polaco, justificando o envio de 500 soldados para a fronteira com a Bielorrússia.
A UE suspeita que o Presidente da Bielorrússia, Alexander Lukashenko, esteja a orquestrar esta vaga de migração em retaliação às sanções aplicadas por Bruxelas contra o seu regime.
“É claro que [isto vem] do lado bielorrusso e do lado russo – porque provavelmente ninguém acredita que esta seja uma ação independente de Lukashenko”, disse Morawiecki, informando que dezenas de milhares de pessoas estão a chegar desde o Médio Oriente a partir da fronteira bielorrussa.
De acordo com o primeiro-ministro polaco, esses migrantes estão a ser usado para exercer “pressão sob a forma de imigração ilegal na fronteira externa da UE”.
Quatro pessoas foram encontradas mortas na fronteira entre Bielorrússia e a Polónia, no domingo, disseram as autoridades dos dois países, uma semana depois de Varsóvia ter imposto o estado de emergência, por 30 dias, devido ao fluxo de imigrantes.
As autoridades da Polónia denunciam o facto de estes migrantes estarem a pagar grandes somas a contrabandistas para conseguirem entrar dentro do espaço da UE, com a cumplicidade de Minsk e de Moscovo, que incentivam este tipo de práticas.
Várias organizações humanitárias têm alertado para os riscos destas operações, à medida que a Polónia e a Lituânia constroem cercas de arame farpado e aumentam o patrulhamento das suas fronteiras.
Segundo as autoridades polacas, só este ano, já houve mais de 8.000 tentativas de entradas ilegais desde a Bielorrússia, incluindo 3.800 no mês de setembro, quando a atividade migratória aumentou.