Com as ruas quase desertas, o candidato da CDU à Câmara de Santarém andou esta terça-feira à tarde por Vaqueiros, lembrando a luta do seu partido para a reposição das freguesias e assegurando que, consigo, a questão não morre.

Mesmo sem apresentar a lista candidata à União de Freguesias de Casével e Vaqueiros, nas eleições de domingo, André Gomes disse à Lusa que a CDU fez questão de vir à povoação, porque a reposição das freguesias é uma das suas “bandeiras”, como provam os decretos-lei propostos pelo PCP no parlamento em 2016 e 2019 e que foram chumbados pelos restantes partidos, à exceção do BE.

“Está à vista o efeito manifestamente nefasto que esta lei de gabinete [aprovada em 2013, levando à redução de 28 para 18 o número de freguesias no concelho] teve num conjunto de freguesias e que aqui está a levar à extinção desta localidade com 500, 600 anos de história”, disse André Gomes.

Às populações, o candidato proposto pela coligação que junta o PCP e Os Verdes assegura que, se for eleito, levará a questão ao executivo municipal, tal como a CDU fez na Assembleia Municipal.

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André Gomes afirmou que não deixará de “apontar o dedo” para lembrar os efeitos da extinção da freguesia e para tentar que, pelo menos, regressem alguns dos equipamentos perdidos, como a escola, o infantário, o posto de saúde, sendo que, com a perda de população, as coletividades acabaram igualmente por encerrar “e o posto da junta já não está de forma permanente”.

A presença da comitiva deu origem a acesa discussão no Café Marcelino, com a proprietária a assegurar que, desde que acabaram com a freguesia, na reforma administrativa de 2013, ficou tudo “muito diferente”.

“Tiraram-nos tudo. Disseram-nos que ficava aqui o infantário e nem isso. Foi tudo embora, não temos cá nada. Agora se quisermos alguma coisa temos de pedir a Casével”, disse, ripostando contra o cliente que afirmou que a festa só não se faz “porque os vaqueirenses não querem”.

Na volta pela aldeia, André Gomes fez questão de passar em casa de Firmino Oliveira, o último presidente da Junta de Vaqueiros, que criou e dinamizou o movimento pela reposição das freguesias e que, apesar de aliciado, não avançou com nenhuma lista para as eleições de domingo “por uma questão de coerência”.

“Não posso defender o regresso da freguesia e candidatar-me à união de freguesias”, disse, fazendo as contas para que Vaqueiros consiga chegar aos 250 eleitores para preencher os critérios que permitem a criação de freguesias no interior.

Em 2013, antes de perder 20% dos eleitores, a povoação tinha tudo o que a lei aprovada pelo PS já este ano exige para a criação de freguesias, salientou.

As seis casas de habitação a custos controlados, inauguradas em 2007 e que acolheram os primeiros refugiados sírios que chegaram ao concelho, dão sinal de degradação e duas não estão sequer ocupadas, quando a freguesia precisa de “casais novos” que aqui queiram viver, frisou.

André Gomes afirmou que parte para a eleição de domingo “com muita força”, acreditando na possibilidade de a CDU e da “verdadeira esquerda” voltar ao executivo municipal, recuperando o eleito perdido em 2017.

O atual presidente do município escalabitano, Ricardo Gonçalves (PSD), concorre a um terceiro mandato, candidatando-se, ainda, à presidência da Câmara de Santarém, nas eleições do próximo dia 26, o socialista Manuel Afonso, a bloquista Fabíola Cardoso, o comunista André Gomes, pela CDU, o dirigente do Chega Pedro Frazão, o técnico de recursos humanos Alexandre Paulo (CDS-PP), a docente de informática e robótica Rita Lopes (PAN) e o gestor de produto Marcos Gomes (IL).