O presidente do CDS-PP e o eurodeputado Nuno Melo participaram esta quinta-feira lado a lado numa visita à feira de Barcelos, iniciativa de campanha para as autárquicas de domingo, tendo desvalorizado as questões internas do partido.

“É um companheiro de partido e é com muita honra que estou a fazer campanha com ele, com gosto, porque estamos juntos para que o CDS atinja os melhores resultados nestas eleições“, disse Francisco Rodrigues dos Santos sobre o líder da distrital de Braga, que tem sido crítico da direção e já indicou que vai apresentar uma moção no próximo congresso.

O líder centrista disse também não ser “surpresa nenhuma” a presença de Melo.

“Eu estou aqui com o doutor Nuno Melo com todo o gosto, com toda a honra, somos dois colegas de partido, somos amigos e este é o melhor sinal que podemos dar de unidade, que o CDS vai crescer nestas eleições autárquicas e aqui vamos ter um extraordinário resultado eleitoral em Barcelos, a apoiar estas listas de coligação”, salientou.

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E mostrou-se incomodado com a insistência dos jornalistas: “A notícia não é eu estar aqui com o doutor Nuno Melo, é estar aqui a apoiar esta coligação”.

Falando depois aos jornalistas, Nuno Melo, que a certa altura das declarações abraçou Francisco Rodrigues dos Santos, recusou que se viva um clima de paz podre no partido, “pelo contrário”.

“É um denominador comum, que é o CDS. Todo o partido, deputados, dirigentes, está a esforçar-se para que os resultados aconteçam”, apontou, tendo justificado a sua presença com “uma obrigação institucional”, uma vez que lidera a distrital de Braga.

“Se há coisa que nos une é um partido e é o CDS, e se há vontade que ambos temos é que o CDS tenha os melhores resultados de norte a sul nestas eleições autárquicas, todos estamos empenhados em que assim aconteça”, indicou.

Questionado se vai ser candidato à liderança do CDS e se o resultado nas eleições autárquicas de domingo ditará a sua decisão, Nuno Melo respondeu: “Eu candidatei-me à câmara de Famalicão, para já é a única candidatura que tenho e o que eu desejo é que o CDS tenha muito bons resultados autárquicos, e o meu esforço está todo aí”.

“O meu futuro agora é o dia 26 e os resultados para o CDS, e desejo que o Francisco tenha um excelente resultado em Oliveira do Hospital [onde encabeça a lista à assembleia municipal], como certamente deseja que eu tenha uma grande resultado em Vila Nova de Famalicão”, continuou.

Nuno Melo defendeu igualmente que “o ciclo eleitoral é o das autárquicas, não é o ciclo interno do partido que agora não faz nenhum sentido”.

Concordando, Francisco Rodrigues dos Santos comentou estar ali para “falar das candidaturas autárquicas”.

À pergunta sobre porque é que não convidou o presidente do partido a acompanhá-lo na campanha em Vila Nova de Famalicão, onde é candidato à assembleia municipal, Nuno Melo defendeu que “o presidente do partido está no topo da pirâmide, logo o presidente do partido está onde quer estar, não precisa de convite”.

“Teríamos muito gosto que lá estivesse, mas acho que será mais útil noutros locais onde tem estado. Tenho-o visto pelo país todo, e muito bem, é a sua obrigação e a sua função”, afirmou.

Os dois acompanharam o candidato à câmara de Barcelos pela coligação PSD/CDS, Mário Constantino, nesta iniciativa de campanha na feira tradicional.

O líder disse estar convencido de que a candidatura tem “todas as condições para ter um extraordinário resultado eleitoral, que é vencer as eleições”.

“O CDS-Partido Popular vai doer a muita gente e vai custar a muitos comentadores, mas vai sair mais forte e vai crescer nas urnas no dia 26 de setembro”, defendeu.

Sobre a prestação do líder na ação de campanha junto da população, Nuno Melo considerou que Rodrigues dos Santos “fez uma feira com muita eficácia, com muitos beijinhos e abraços” e confidenciou que a sua condição de “levemente hipocondríaco” não lhe permite “tanta proximidade nestes tempos de covid”.

A comitiva entrou na feira de Barcelos com bandeiras, t-shirts e um grupo municipal abria caminho e anunciava a sua presença. Francisco Rodrigues dos Santos e Nuno Melo ladeavam o candidato e trocaram poucas palavras enquanto avançavam entre as bancas, com o presidente do CDS a distribuir canetas e leques cor de laranja e azuis, enquanto o eurodeputado preferiu os panfletos.

Na ocasião, o presidente do CDS foi também questionado sobre o alívio de restrições no âmbito da pandemia que vai ser decidido na reunião do Conselho de Ministros, tendo reiterado o que tinha dito no dia anterior, que o primeiro-ministro “parece um pai natal em pleno mês de setembro” e defendeu que o Governo já poderia ter levantado algumas medidas.

“Não o fez por taticismo eleitoral”, criticou, o que considerou “inaceitável e merece um castigo severo nas urnas”.