Por um lado, o Pavilhão da Luz tinha recebido na semana passada uma Assembleia Geral Extraordinária, tendo em vista o próximo sufrágio eleitoral daqui a três semanas. Por outro, esta manhã foi anunciado pelo clube que o novo Regulamento Eleitoral com 39 artigos e alguns pontos já discutidos estava feito com as opiniões de todos e disponível para os associados. E pelo meio ainda houve a confirmação de Rui Costa como candidato, através de uma comunicação de cerca de três minutos sem direito a perguntas num hotel em Lisboa. Por tudo isto, esta seria uma Assembleia Geral Ordinária com menos história.

39 artigos, voto físico em urna e utilização das plataformas do clube: Benfica anuncia novo Regulamento Eleitoral

Em relação ao ponto em causa, que dizia respeito à votação do Relatório e Contas do exercício 2020/21, o mesmo foi aprovado por 57,7%, com 9.539 votos entre o universo total de 622 votantes que marcaram presença no Pavilhão da Luz. Houve ainda 35,7% de votos contra (5.902) e 6,6% de abstenção (1.090).

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De recordar que, após oito anos de contas positivas, o clube voltou a ter um registo negativo com prejuízo um pouco acima dos nove milhões de euros, uma variação de 35,7 milhões em relação a 2019/20 que teve ainda assim uma descida do passivo para 76 milhões e do ativo para 97,6 milhões (descida de quase 20%). Nota ainda para os números de quotização, que caíram 6% na receita para 16,2 milhões mas tendo apenas uma ligeira quebra a nível de associados ativos, que permanecem agora nos 244.065.

Voto físico em urna em todas as capitais de distrito, 25 locais, ilhas e estrangeiro pelo site: como serão as eleições do Benfica

Ao longo da reunião magna, que teve Jaime Antunes (que passou de suplente a vice com a saída de Luís Filipe Vieira) a fazer uma apresentação do que estava em causa no Relatório e Contas, a intervenção que gerou inicialmente maior atenção foi a de Francisco Benítez, candidato à liderança do Benfica que, entre críticas ao investimento feito no futebol sem retorno desportivo na última temporada, tinha um ponto em específico para levar para discussão: assegurar que consigo o clube nunca perderia a maioria do capital social da SAD, algo que desafiou Rui Costa a prometer e até a colocar nos próprios estatutos.

Rui, aceitas o desafio de iniciarmos um processo de revisão estatutária, promovendo a discussão e o debate entre os associados? Rui, garantes que em momento algum o Benfica deixará de ter o controlo da SAD se vencer as eleições? Aqui e agora, perante os associados, presta essas garantias”, atirou o rosto do movimento “Servir o Benfica”.

Uma intenção que está confirmada: Francisco Benítez vai concorrer contra Rui Costa nas eleições do Benfica (mas com condições)

Além de António Pires de Andrade, líder da Mesa da Assembleia Geral desde a saída do cargo de Rui Pereira ainda antes da operação Cartão Vermelho que levou à demissão de Luís Filipe Vieira da Direção, da SAD e de todas as sociedades participadas, que voltou a ser apupado em alguns momentos, outro dos alvos nos discursos dos associados que pediram a palavra na reunião magna desta noite foi Domingos Soares de Oliveira, administrador da SAD encarnada que está há mais de uma década na sociedade com a parte financeira e que pode vir a deixar o cargo caso Rui Costa vença as eleições de dia 9 de outubro.

Nota ainda para duas intervenções ao longo da noite, uma a discutir o que realmente estava ali em causa (o Relatório e Contas do clube, que diz respeito a todas as modalidades menos o futebol) e a realçar a época menos conseguida entre as equipas coletivas masculinas que não o voleibol (única que conquistou o título de campeã nacional), e outra, que não foi a única, a falar do que foi feito pelo antigo líder, Luís Filipe Vieira. Até à parte final da longa Assembleia Geral, Rui Costa foi apenas ouvindo, falando à posteriori já depois de Jaime Antunes ter esclarecido algumas dúvidas levantadas recordando… Vale e Azevedo.

Três minutos de discurso, zero perguntas, uma confirmação de Rui Costa: “Sou candidato às eleições do Benfica”

Já por volta da 1h20, naquela que seria a última intervenção da noite já madrugada, Rui Costa falou aos associados presentes (alguns foram entretanto saindo pelo adiantado da hora). Em relação ao que foi dito sobre o futebol, o presidente interino, que na última época era administrador da SAD e vice do clube a partir de outubro, assumiu também responsabilidades pelo falhanço dos objetivos existentes.

“Estes dois meses não foram tempos fáceis para ninguém mas procurámos municiar as nossas equipas para que não se repetisse um ano como o ano passado. Foi um ano fraco, demasiado fraco para as nossas aspirações. E é inútil estarmos a falar de Covids ou variadíssimas coisas. Quando se chega ao final do ano, se se acaba em terceiro no futebol, se se ganha apenas uma modalidade masculina de pavilhão [voleibol] não se pode procurar muitas desculpas a não ser que falhámos. Assumo, não tenho problemas, mas também serve para melhorarmos no futuro. Estamos convictos de que será um ano diferente. Que esta onda não pare até ao final e nos leve de novo aos títulos”, admitiu Rui Costa, que explicou também que tem reunido com “vários grupos de adeptos e entidades” a propósito do polémico Cartão de Adepto.