O Benfica não tinha propriamente um registo simpático em casa frente ao Barcelona. Tinha aquela noite mágica de 1961, quando conquistou aquela que foi a primeira de duas Taça dos Clubes Campeões Europeus na cidade de Berna, mas dificuldades quando defrontava os catalães como visitado: 0-0 em 1991/92, 0-0 em 2005/06, 0-2 em 2012/13, sempre na principal prova europeia de clubes. Esta noite, tudo mudou. E mudou de forma radical: os encarnados conseguiram marcar, não sofreram, alcançaram uma vitória que foi inédita na sua história e, tão ou mais importante, deram um passo importante na Champions.

Bayern matou uma ideia, Rafa matou uma equipa (a crónica do histórico Benfica-Barcelona)

O triunfo robusto por 3-0, o maior de uma equipa portuguesa frente aos blaugrana, começou com aquele que foi o golo mais rápido de sempre do Benfica na Luz em jogos para a Liga dos Campeões. Darwin fazia o seu primeiro remate certo na competição, os encarnados seguiam pela segunda vez a ganhar ao intervalo frente aos catalães. Depois, o festival foi completo: Rafa marcou o quinto golo da temporada, Darwin fez o terceiro bis da temporada de grande penalidade e o conjunto lisboeta voltava a marcar três golos ao Barça como tinha acontecido naquela final de Berna há 60 anos, carimbando também aquele que foi o pior início de sempre dos culés na Champions e a primeira derrota em Portugal desde os anos 80.

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“O que é que aconteceu? Aconteceu que jogaram duas grandes equipas, o Benfica tem estado num momento muito bom, muito confiante, sabíamos que íamos defrontar um grande adversário com grandes jogadores e tínhamos que estar ao nível do que é o valor do Benfica. Taticamente também tínhamos de estar muito fortes no processo defensivo e durante o encontro a equipa foi gerindo os momentos do jogo, algumas vezes com o Barcelona a ter mais posse porque têm uma ideia de jogo que sempre foi e continuará a ser uma equipa boa em ataque posicional. O importante para nós era que o penúltimo passe não conseguisse agredir a defesa, trabalhámos muito isso durante a semana, e depois fomos uma equipa muito forte a sair, fazendo os três golos”, começou por explicar Jorge Jesus na flash da Eleven Sports.

Acabámos o jogo com mais um jogador mas na primeira parte o Piqué devia ter sido expulso… Mas o importante aqui é destacar duas coisas: a vitória do Benfica frente ao Barcelona e o apoio dos adeptos, sendo que também é verdade que a equipa fez para ter esse apoio. Foi um grande jogo, coletiva e individualmente”, apontou também o técnico encarnado.

“Para ganhar jogos, temos que marcar golos. Para ganhar ao Barcelona, tínhamos que marcar mais do que um golo porque pelas minhas contas um golo íamos sofrer. Eles são uma equipa que ofensivamente têm muita qualidade e fazem golos. A equipa esteve melhor ainda do que eu pensava defensivamente, não sofremos golos, o Barcelona não tem um remate na baliza, o Ody [Vlachodimos] não defendeu nenhuma bola sem ser de cruzamento e é sinal evidente da qualidade defensiva da equipa”, admitiu ainda Jorge Jesus, relativizando o significado da vitória e valorizando de novo a grande exibição da equipa.

“Melhor vitória? As minhas vitórias são aquelas que me dão o prestígio de ganhar títulos, isto só ganhei um jogo, não ganhei nada. Puxar pelos adeptos? Sabe que eu vim de um clube que tinha 70 mil a gritar pelo nome e pelo do clube, foi isso que senti, queria que os adeptos dessem uma grande ovação porque a equipa merecia. Quem foi o melhor em campo? Bem, se forem pelos golos é o Darwin mas neste jogo destacava mais a equipa, foi toda ela muito forte, muitos jogadores ao seu melhor nível. Os três da frente sempre que tinham a bola mexiam com o jogo mas também é verdade que não sofremos golos e temos de valorizar isso também”, concluiu o treinador na zona de entrevistas rápidas da Eleven Sports.

Também Darwin Núñez, que fez o terceiro bis da temporada naqueles que foram os seus primeiros golos na Liga dos Campeões depois dos cinco na última época na Liga Europa, elogiou o desempenho coletivo da equipa numa noite com que sonhava há muito e que chegou aos 22 anos no segundo ano da Luz.

“Este é um sonho que tenho desde sempre. Jogar contra uma grande equipa como é o Barcelona e fazer golo é uma grande satisfação para mim. Agradeço aos meus companheiros por todo o apoio que me deram desde que cheguei. Este foi o nosso primeiro jogo na Champions, aqui em nossa casa, foi difícil, mas não vai ser fácil nunca. Mas também não vai ser fácil para ninguém defrontar o Benfica. Vamos defender esta camisola com tudo, vai ser passo a passo”, comentou o MVP do jogo à Eleven Sports.