O Presidente da Tunísia, Kaïs Saïed, nomeou esta quarta-feira como primeira-ministra Najla Bouden Romdhane, a primeira mulher a chefiar o governo na história do país, anunciou a Presidência da República em Tunes.
Najla Bouden Romdhane, 63 anos, foi “encarregada de formar um governo o mais rapidamente possível”, disse a presidência numa declaração citada pela agência de notícias France-Presse (AFP).
A primeira-ministra indigitada era até agora uma alta funcionária do Departamento de Ensino Superior e Investigação Científica da Tunísia.
Esta é a primeira vez que uma mulher chefia o governo na Tunísia.
Os poderes da nova primeira-ministra foram consideravelmente diminuídos pelas “medidas excecionais” adotadas pelo Presidente da República em 22 de setembro, que suspenderam a aplicação da Constituição de 2014.
A presidência divulgou um vídeo de Kaïs Saïed a receber Nejla Bouden no seu gabinete e a pedir-lhe para formar um novo governo “nas próximas horas ou dias”.
Saïed salientou repetidamente a natureza histórica da nomeação de uma mulher para liderar o governo pela primeira vez na Tunísia.
É uma honra para a Tunísia e uma homenagem às mulheres tunisinas”, disse Saïed, segundo a AFP.
A principal missão do futuro governo será “pôr fim à corrupção e ao caos que se espalhou em muitas instituições estatais”.
Najla Bouden Romdhane foi diretora-geral do projeto “Promessa”, que visa modernizar o ensino superior e, em 2015, chefiou o gabinete do ministro da Educação.
O decreto presidencial de 22 de setembro oficializou o golpe de 25 de julho, pelo qual Kaïs Saïed assumiu plenos poderes, após ter demitido o primeiro-ministro.
Saïed também assumiu o poder judicial, suspendeu o parlamento e retirou a imunidade parlamentar aos 217 deputados.
A partir de agora, com base em “medidas excecionais” tomadas para levar a cabo uma série de “reformas políticas”, o chefe de Estado, que detém o poder executivo, presidirá ao Conselho de Ministros.
A classe política, a sociedade civil e a comunidade internacional denunciaram o perigo representado pelo poder absoluto de Saïed, no poder desde o final de 2019.
Um movimento descrito pela maioria dos grupos como um “golpe de Estado”, enquanto outros o consideram como uma “retificação” da revolução de 2011, que pôs fim às duas décadas de ditadura de Zine El Abidine Ben Ali, segundo a agência espanhola EFE.