Irmgard Furchner, uma antiga secretária de um comandante de um campo de concentração nazi, que deveria começar a ser julgada esta quinta-feira na Alemanha, foi apanhada horas depois de ter fugido ao julgamento. As autoridades alemãs tinham emitido um mandado de detenção contra a mulher de 96 anos que, de acordo com a DeutscheWelle, apanhou um táxi de manhã e fugiu.

Irmgard Furchner, de 96 anos, que começou a trabalhar como secretária de Paul Werner Hoppe, um comandante das SS, com 18 anos, está acusada de cumplicidade no assassínio de milhares de prisioneiros no campo de extermínio de Stutthof, na Polónia ocupada.

De acordo com a acusação, entre junho de 1943 e abril de 1945, Irmgard Furchner “ajudou os responsáveis no campo no assassínio sistemático de prisioneiros judeus, partisans polacos e prisioneiros de guerra soviéticos” através do seu papel de estenógrafa e secretária do comandante do campo, responsável por emitir ordens de execução ou enviar prisioneiros para Auschwitz. Furchener está acusada de ser cúmplice na morte de 11.412 pessoas e, segundo a Der Spiegel, transcreveu ordens de execução ditadas pelo comandante Paul Werner Hoppe, condenado em 1955.

Irmgard Furchner vive num lar de idosos em Itzehoe, a norte de Hamburgo, e esta quinta-feira tinha indicações para se apresentar em tribunal, para o início do julgamento. No entanto, conforme relata a DW, depois de apanhar um táxi rumo a uma estação de metro no distrito de Itzehoe desapareceu, tendo sido emitido um mandado de detenção. Horas depois, seria encontrada em Hamburgo.

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No tribunal, onde compareceram vários sobreviventes do Holocausto que deverão contas as suas histórias no campo de Stutthof, onde estiveram 100 mil judeus, dos quais 65 mil foram assassinados, o sentimento é de revolta com a fuga de Irmgard Furchnere.

“Mostra um desprezo incrível pelo estado de direito e também pelos sobreviventes”, disse Christoph Heubner, presidente do Comité Internacional de Auschwitz, uma organização fundada por sobreviventes do Holocausto que ajudam os familiares das vítimas dos crimes cometidos pelos nazis. “[As autoridades] deveriam ter contado com a fuga e colocado o lar de idosos sob vigilância, levando [a acusada] a julgamento”, acrescentou em declarações à DW.

Devido ao episódio desta manhã, as autoridades judicais adiaram o início do julgamento para 19 de outubro.

O julgamento de Irmgard Furchner, numa altura em que poucas pessoas envolvidas no Holocausto ainda estão vivas, é resultado, conforme explica o The Guardian, de um outro julgamento ocorrido em 2011. Na altura, John Demjanjuk, um antigo guarda no campo de concentração de Sobibor, foi condenado por cumplicidade na morte de 28 mil pessoas, o que abriu um precedente legal para novos julgamentos.

Furchner já tinha estado em tribunal, mas como testemunha, em julgamentos relacionados com o campo de Stutthof, entre 1954 e 1982, quando garantiu que não teve qualquer contacto com os prisioneiros e negou qualquer cumplicidade com os crimes cometidos. Esse será, novamente, o argumento usado pela defesa quando Furchner for a tribunal: que a antiga secretária apenas cumpria ordens e fazia tarefas em nome do comandante, nunca tendo tido contacto com os prisioneiros do campo.

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Quando começar, o julgamento de Irmgard Furchner deverá durar alguns meses. Na próxima semana, é esperado que um guarda do campo de Stuffhof, com 100 anos, começou a ser julgado em Neuruppin, em Brandenburgo.