A farmacêutica norte-americana Merck and Co., cuja subsidiária na Europa é a MSD – Merck Sharp & Dohme, anunciou em comunicado de imprensa que o medicamento antiviral molnupiravir reduz para metade o risco de hospitalização e morte dos doentes com Covid-19. Os resultados ainda não estão publicados num artigo científico.

Os resultados positivos do ensaio clínico em curso levaram a que um grupo de especialistas independentes recomendasse que o ensaio clínico terminasse mais cedo, noticiou o jornal The Washingthon Post.

Assim, a MSD e o parceiro Ridgeback Biotherapeutics planeiam submeter um pedido de autorização de uso de emergência ao regulador norte-americano (FDA) logo que possível. Se for aprovado, será o primeiro comprimido antiviral especificamente contra o coronavírus SARS-CoV-2. O remdesivir é um antiviral não específico do coronavírus e os resultados têm ficado aquém do esperado.

Covid-19. Peritos da OMS desaconselham uso de medicamento remdesivir por não ter “qualquer efeito significativo na mortalidade”

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Neste momento, já existem outros medicamentos autorizados para o tratamento de doentes Covid-19, sendo os tratamentos com anticorpos monoclonais os mais específicos. Os anticorpos monoclonais mostraram reduzir o risco de internamento e morte em mais de 75%, segundo o jornal The New York Times.

No entanto, o tratamento com anticorpos monoclonais é dispendioso e implica uma administração endovenosa (por infusão, como quem recebe soro diretamente no sangue), o que se torna mais difícil em países de baixo rendimento.

Tratamento reduz risco de morte em doentes com Covid-19 que não conseguem produzir anticorpos

O molnupiravir consiste num comprimido que deve ser tomado sob a forma de quatro cápsulas duas vezes por dia, durante cinco dias. O medicamento foi testado em pessoas não vacinadas, com sintomas leves a moderados, mas com fatores de risco para desenvolvimento de doença grave, e o tratamento iniciado até cinco dias depois do início dos sintomas.

A Merck já cedeu uma licença de produção a cinco produtores de medicamentos genéricos na Índia de forma a acelerar o acesso ao medicamento por parte dos países de baixo e médio rendimento, muitos dos quais com acesso limitado às vacinas contra a Covid-19.

A farmacêutica diz que o medicamento funciona contra qualquer variante do vírus, uma vez que não atua sobre a proteína spike (o alvo das vacinas e dos anticorpos monoclonais), que o vírus usa para entrar nas células humanas. Em vez disso, o alvo do medicamento é a enzima polimerase, que o vírus usa para fazer cópias de si próprio, refere a Reuters.

Assim, interferindo com a enzima, o medicamento provoca mutações prejudiciais ao vírus e provoca erros no código genético do vírus.

As farmacêuticas Pfizer e Roche também estão, cada uma, a desenvolver um medicamento antiviral contra o coronavírus.