Cabo Verde vai ter um ano agrícola “muito próximo do normal”, com produção de pasto e grãos, previu hoje o ministro da Agricultura e Ambiente, esperando mais chuvas em outubro para melhorar a situação.

“Já sabemos que vamos ter um ano agrícola muito próximo do normal, mas há zonas do país que não estão tão bem, há uma boa produção do pasto na maior parte dos concelhos, haverá alguma produção de grãos, milho e feijões, em boa parte dos concelhos”, afirmou Gilberto Silva.

Num ponto de situação preliminar, já que normalmente a avaliação começa em finais de outubro, o ministro disse que em termos de recarga dos lençóis freáticos o país está “no razoável” e “muito deficitário” em alguns concelhos.

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“Nós temos uma situação bastante diferenciada, que vai de crítica em poucos concelhos a uma situação razoável em alguns outros concelhos”, frisou, garantindo que o Governo vai atender às necessidades que decorrem da baixa produção.

Entre as ações, destacou a mobilização e distribuição de água, bonificação da ração para os criadores de gado e promoção do emprego público para que as famílias mais afetadas possam ter acesso ao rendimento e melhor acesso aos bens essenciais.

“Com base na avaliação, o Governo vai aprovar um plano específico de atenuação”, reforçou Gilberto Silva, em conferência de imprensa, na cidade da Praia, para dar conta do surgimento de dois focos da praga dos mil pés na ilha de Santiago.

Questionado pela Lusa sobre a questão das pragas no arquipélago, o ministro respondeu que este ano o país sofreu menos ataques, pelo que o assunto tem que ver com a quantidade de chuvas que caíram.

“Mas devo dizer que estamos muito melhores do que os anos anteriores. Podemos dizer que temos um ano de produção se as coisas se mantiverem e não piorarem, teremos um ano normal em alguns concelhos do país, mas muito abaixo do normal em outros”, frisou.

Entre os concelhos que terão um ano agrícola abaixo do normal, Gilberto Silva aponto Porto Novo, em Santo Antão, e alguns na zona sul de Santiago, como Ribeira Grande.

Para que o ano agrícola seja melhor, o governante ainda tem esperança de chuvas em outubro, depois das que caíram em agosto e setembro.

“Temos muita esperança que chova, sente-se a necessidade de mais uma chuva para que a produção seja garantida nos concelhos que estão mais avançados”, afirmou.

Em 12 de junho, o Governo cabo-verdiano previu mais um ano de pouca chuva no arquipélago e anunciou um conjunto de medidas para proteger a campanha agrícola, reforçar a resiliência das populações e adaptar o setor aos efeitos das mudanças climáticas.

Na altura, o secretário de Estado da Economia Agrária, Miguel da Moura, disse que para Cabo Verde as previsões apontam que as chuvas vão ser “deficitárias a próximas da média” (264 milímetros) no trimestre julho – agosto – setembro, mas são mais animadoras entre agosto e outubro, com uma tendência considerada “dentro da média”, isto é, 294 milímetros.

Segundo o porta-voz do Governo, as informações indiciam a probabilidade de ocorrência de dois cenários para o ano agrícola 2021-2022, como sejam chuvas deficitárias e próximas da média anual e um ano com chuvas dentro da média anual.

Em fevereiro, o ministro da Agricultura e Ambiente disse que em 2020 o país ficou “longe” de um ótimo ano agrícola em termos de produção, mas garantiu que ainda assim foi melhor do que os três anos de seca anteriores.