Os Estados Unidos instaram esta quinta-feira a China a cessar a “pressão militar” sobre Taiwan na sequência das repetidas incursões dos caças chineses na Zona de Identificação da Defesa Aérea (ADIZ) taiwanês nos últimos dias.

Estamos muitos preocupados com a atividade militar provocatória da China em relação a Taiwan”, sublinhou o secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, em conferência de imprensa após a reunião da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE).

Para o governante, esta atividade “é desestabilizadora” e “cria um risco de erro de cálculo e tem potencial para enfraquecer a paz e a estabilidade na região“.

Blinken incentivou Pequim a “cessar a pressão militar, diplomática e económica sobre Taiwan”.

O secretário de Estado apontou ainda que os Estados Unidos “têm um compromisso” com a segurança da ilha, depois de “durante muitos anos” trabalharem pela paz e estabilidade na região.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

“Continuaremos a trabalhar com amigos e aliados, com os quais compartilhamos valores e continuaremos a fortalecer os nossos laços com um Taiwan democrático”, destacou Blinken, citado pela agência EFE.

Quase 150 aviões militares chineses ultrapassaram o ADIZ de Taiwan desde os primeiros dias de outubro.

Estas manobras, descritas pela imprensa chinesa como “um forte aviso aos separatistas taiwaneses e aos países estrangeiros que os apoiam”, dispararam os alarmes em Taiwan.

O ministro da Defesa taiwanês, Chiu Kuo-cheng, referiu esta quinta-feira que as relações entre Taipé e Pequim estão a atravessar o “seu pior momento em 40 anos“.

Taiwan tem-se considerado um território soberano com o seu próprio governo e sistema político sob o nome da República da China desde o fim da guerra civil nacionalista-comunista em 1949, mas Pequim mantém que é uma província rebelde e insiste em regressar àquilo a que chama a pátria comum.

A ilha é também um importante ponto de discórdia entre a China e os Estados Unidos, especialmente porque Washington é o principal fornecedor de armas de Taiwan e seria o seu maior aliado militar no caso de um conflito com a China.

Em 1979, depois de quebrar os laços diplomáticos com Taipé e de os estabelecer com Pequim, os Estados Unidos adotaram o ‘Taiwan Relations Act’, no qual se comprometia com a defesa da ilha e o fornecimento de equipamento militar, um compromisso que gerou numerosas fricções entre as duas potências.