Depois de uma edição condicionada pela pandemia, o festival Doclisboa regressa ao formato em sala de cinema, a partir do dia 21 e com 249 filmes, em busca de “uma experiência absolutamente coletiva” com o público.
“Apresentar um festival em outubro de 2021 obriga-nos a pensar modos radicais de proximidade. Queremos um festival em que todos os seus espaços sejam vivos e ativos, uma experiência absolutamente coletiva e de partilha de ideias e pontos de vista”, defendeu esta quinta-feira a direção do Doclisboa, na apresentação da programação.
Esta será a 19.ª edição do festival dedicado ao documentário, que se estenderá até 31 de outubro, 11 dias em que serão programados 249 filmes, entre retrospetivas, competições e várias estreias mundiais.
Entre os 46 filmes portugueses selecionados está, por exemplo, “Alcindo”, filme do antropólogo Miguel Dores sobre racismo em Portugal, a partir da história do homicídio de Alcindo Monteiro, português de origem cabo-verdiana, vítima de ódio racial em 1995.
A competição portuguesa contará com 11 filmes, entre longas e curtas-metragens, nomeadamente “Distopia”, de Tiago Afonso, “Hotel Royal”, de Salomé Lamas, e “O tempo das coisas”, de Catarina Botelho.
Edgar Pêra, realizador convidado desta edição, estreará “Kinorama – Beyond the walls of the real”, em 3D.
Destaque ainda para a exibição, anteriormente anunciada, do documentário “Eunice ou carta a uma jovem atriz”, de Tiago Durão, sobre Eunice Muñoz, e de “Dispersos pelo centro”, de António Aleixo, sobre a região centro de Portugal.
O documentário “Nínguêm fica para tráz”, de Nuno Pires Pereira, sobre a associação União Audiovisual também se junta à programação.
Em parceria com a Cinemateca Portuguesa, o Doclisboa apresentará ainda uma cópia restaurada do filme “Nazaré, praia de pescadores” (1929), de Leitão de Barros, numa exibição acompanhada pelo pianista Filipe Raposo.
O Doclisboa tinha já anunciado anteriormente parte da programação deste ano, nomeadamente que a abertura seria com “Landscapes of resistance”, da realizadora sérvia Marta Popivoda, sobre uma mulher que liderou um movimento jugoslavo antinazi.
“Landscapes of resistance” centra-se no testemunho e na partilha de memórias de Sofija Sonja Vujanovic, de 97 anos, uma das primeiras mulheres a fazer parte da resistência jugoslava antinazi, na II Guerra Mundial, recordando ainda a captura e tortura em Auschwitz.
Na sessão de abertura será também exibida a curta-metragem “A Terra segue azul quando saio do trabalho”, do realizador brasileiro Sérgio Silva, ex-programador da Cinemateca Brasileira.
O filme tem “um olhar contemplativo sobre o arquivo cinematográfico e a efemeridade do património”, refere o Doclisboa.
Segundo o festival, Sérgio Silva apresentará ainda uma sessão dedicada à Cinemateca Brasileira, cujo edifício em São Paulo foi atingido recentemente por um incêndio.
O encerramento do Doclisboa, no dia 31, será com “The tale of king crab”, estreado este ano em Cannes, assinado por Alessio Rigo de Righi e Matteo Zoppis.
Noutras secções, o Doclisboa programará ainda “Jane by Charlotte”, da atriz Charlotte Gainsbourg, sobre a relação com a mãe, Jane Birkin; a minissérie “Uprising”, de Steve McQueen e James Rogan, produzida pela BBC; estreará “Jamaika”, documentário de José Sarmento Matos sobre a vida do bairro da Jamaica (Setúbal), durante o confinamento; e mostrará “The story of looking”, de Mark Cousins.
Este ano haverá retrospetivas dedicadas à realizadora italiana Cecilia Mangini, em parceria com a Cinemateca Portuguesa, e à realizadora e fotógrafa alemã Ulrike Ottinger, que marcará presença em Lisboa.
Além de Ottinger, no Doclisboa estarão presentes também o realizador israelita Avi Mograbi, a realizadora alemã Helke Misselwitz, o cineasta belga Boris Lehman e a sérvia Marta Popivoda, entre outros.
O Doclisboa decorrerá na Culturgest, Cinema são Jorge, Cinemateca Portuguesa, Cinema Ideal, Cinema City Campo Pequeno, Museu do Oriente e Museu do Aljube.
Toda a programação está em doclisboa.org.