Depois da escassez de combustíveis, que obrigou o governo de Boris Johnson a pôr militares ao volante dos camiões de distribuição, para colmatar a falta de motoristas, chega a falta de bens de primeira necessidade. Com medo de não encontrarem aquilo de que precisam nas semanas que se avizinham, os britânicos deram o tiro de partida para a corrida aos supermercados, deixando prateleiras vazias de carne, fruta, refeições congeladas, papel higiénico e garrafas de água.

De acordo com o Daily Mail, que este sábado faz uma resenha da situação, centenas de milhares de pessoas estão já preocupadas com o Natal e a armazenar comida e bebida para a temporada, numa altura em que ainda faltam mais de dois meses e meio para 25 de dezembro.

De acordo com uma sondagem feita pelo Office for National Statistics (o equivalente ao INE português) em que foram ouvidos  3.326 adultos, um em cada seis britânicos não conseguiu comprar alimentos essenciais nos últimos 15 dias, sendo que um em cada sete reportou a mesma experiência, mas no que diz respeito à compra de combustíveis. 17% dos inquiridos que não conseguiram fazer as compras de que precisavam, responderam que os bens não estavam disponíveis. 43% disseram ter encontrado menos menos variedade disponível nas prateleiras e 14% explicaram que, para fazer as mesmas compras de sempre, tiveram de ir a mais lojas. Ainda assim, 57% garantiram não ter tido qualquer problema na hora de encher o carrinho de compras.

De acordo com outra sondagem, da revista especializada The Grocer, com mil inquiridos, um em cada três admitiu estar já armazenar bens alimentares para a consoada, sendo que dois terços dos consumidores revelaram estar preocupados ou “muito preocupados” com a possível escassez de alimentos e bebidas antes do Natal.

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Entretanto, a cadeia Waitrose, com 332 supermercados em todo o Reino Unido, revelou que apenas até à hora de almoço do dia em que foram disponibilizadas as datas de entregas pela altura do Natal, na semana que passou, foram feitas 22 mil marcações. Até esta sexta-feira foram 112 mil as encomendas feitas, apenas para entrega na época festiva.

Para assegurar que todos estes receios são infundados, o governo britânico já fez saber que está a ponderar manter os militares que agora asseguram a distribuição de combustíveis a conduzir camiões de mercadorias até lá.

Este sábado Boris Johnson nomeou Sir David Lewis, o empresário que esteve à frente dos destinos da gigante Tesco entre 2014 e 2020, como novo responsável para a crise na cadeia de abastecimento. A sua missão, explicou, vai ser eliminar os “bloqueios atuais” e “prevenir possíveis bloqueios futuros”. Dave Lewis, de 56 anos, é conhecido por duas alcunhas: para uns, é o “Drastic Dave”, o homem de negócios implacável que é capaz de tudo, incluindo cortar empregos e preços, para ter bons resultados; para outros o “Diamond Dave”, porque todas as empresas em que toca, nomeadamente a gigante da distribuição alimentar britânica e a Unilever, onde este antes, são um sucesso.