O Governo prevê, no próximo ano, uma despesa excecional de 1.815 milhões de euros com a CP — Comboios de Portugal, empresa que detém uma dívida histórica superior a dois mil milhões de euros.

De acordo com o relatório que acompanha a proposta de Orçamento do Estado para 2021, o Ministério das Finanças inscreveu um valor de 1.815 milhões de euros em despesa excecional para 2022, a título de dotações de capital, para a operadora ferroviária. Em 2021, este valor era de 70 milhões de euros.

De acordo com o relatório de contas da CP, o valor da dívida financeira do grupo no final de 2020 situava-se em cerca de 2,1 mil milhões de euros.

Na prática, esta decisão trata-se de uma espécie de perdão da dívida da CP: “As operações financeiras previstas, nomeadamente as que envolvem passivos financeiros, contemplam as amortizações de dívida financeira pelas empresas públicas particularmente significativas no orçamento da CP”, pode ler-se no documento do OE de 2022.

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A decisão surge depois de um mês de tensão entre o ministro das Infraestruturas, Pedro Nuno Santos, e o ministro das Finanças, João Leão.  Na sequência da demissão do presidente da CP, o ministro disse mesmo que compreendia o “desalento” de Nuno Freitas e acusou o ministério das Finanças de estar a bloquear a empresa pública.

Pedro Nuno Santos compreende desalento que leva presidente da CP a sair e lamenta demora (das Finanças) nas decisões

Mais recentemente, Pedro Nuno Santos confirmou que estava a negociar com o ministério de Leão a possibilidade de “encontrar um nível de dívida aceitável para uma empresa como a CP”. disse o governante. “Espero, agora, que no quadro do Orçamento para 2022, nós possamos ter novidades sobre isso”, disse sobre a dívida histórica da CP, que ascende a 2,1 mil milhões de euros.

“É com esse espírito que estamos a trabalhar com o Ministério das Finanças”, relevou, reconhecendo, por outro lado, que é “mais fácil” para si do que “para as Finanças” resolver a questão. Respondendo a perguntas da Lusa acerca do tema, Pedro Nuno Santos considerou que o problema “já devia estar resolvido há muitos anos”, admitindo, porém, ser difícil conseguir “um saneamento para zero”.