O secretário-geral da UGT, Carlos Silva, considerou esta terça-feira que a proposta do Governo para o Orçamento do Estado para 2022 (OE2022) é pouco ambiciosa, não serve para todos e precisa de alterações importantes.
“A proposta de OE2022 é pouco ambiciosa e, ao contrário do que disse o ministro das Finanças [João Leão], este OE2020 não serve para todos”, disse Carlos Silva à agência Lusa, defendendo que quem tem rendimentos mais baixos necessita de mais apoios.
Para o sindicalista, a proposta governamental “é uma primeira abordagem”, esperando que a sua discussão no parlamento leve a melhorias, introduzidas pelos partidos de esquerda.
“É preciso ser mais ambicioso e introduzir alterações importantes ao OE2020”, disse, defendendo que o Governo vai ter de fazer cedências aos partidos que o irão viabilizar.
Carlos Silva assegurou que “a UGT não vai condescender, porque o Governo tem de cumprir as promessas feitas no seu programa”, nomeadamente a relativa ao aumento do salário mínimo para os 750 euros até 2023 e a relativa ao desbloqueio da contratação coletiva.
Esperávamos que a proposta do Governo fosse mais além, nomeadamente nos salários”, disse.
Para o líder da UGT, os aumentos previstos para os trabalhadores da Administração Pública, de 0,9%, “ficam muito aquém das necessidades dos trabalhadores”.
“Apesar dos aumentos de 0,9% previstos e de o ministro das Finanças dizer que correspondem a um aumento da massa salarial de 2,5%, parece-nos pouco para compensar a erosão que os salários da administração pública sofreram nos últimos anos”, afirmou.
Carlos Silva também considerou “insuficiente e tardio” o aumento de 10 euros a aplicar às pensões mais baixas em agosto de 2022 e defendeu que este aumento devia ser aplicado em janeiro.
O sindicalista considerou ainda que “a carga fiscal continua excessivamente elevada, continuando a castigar a classe média”.
O Governo entregou na segunda-feira à noite, na Assembleia da República, a proposta de Orçamento do Estado para 2022, que prevê que a economia portuguesa cresça 4,8% em 2021 e 5,5% em 2022.
A taxa de desemprego portuguesa descerá para os 6,5% no próximo ano, “atingindo o valor mais baixo desde 2003”, segundo o Governo.
A dívida pública deverá atingir os 122,8% do PIB em 2022, face à estimativa de 126,9% para este ano.
O primeiro processo de debate parlamentar do OE2022 decorre entre 22 e 27 de outubro, dia em que será feita a votação, na generalidade. A votação final global está agendada para 25 de novembro, na Assembleia da República, em Lisboa.