Já se sabia que as variantes Alpha, Beta e Gamma do coronavírus tinham mais sucesso a infetar as células humanas do que a versão original do SARS-CoV-2 (de wuhan). Mas as variantes Zeta, Epsilon, Eta e Iota também, concluiu uma equipa de investigadores chineses na revista científica Communications Biology, do grupo Nature.
Por outro lado, uma das variantes emergentes na altura do estudo, a B.1.1.298 (ligada aos visons), parece ter uma capacidade de infeção reduzida, aparentemente causada pela mutação M1229I, como descreveu a equipa que junta investigadores dos Centros Controlo e Prevenção da Doença da China, academia e empresas.
As variantes Beta (B.1.351, na África do Sul), Eta (B.1.525, na Nigéria) e Iota (B.1.526, em Nova Iorque) são as variantes que mais sucesso parecem ter tido no aumento da capacidade de infeção. O mesmo acontecendo com as variantes que têm as mutações K417N/T, N501Y e E484K — a primeira presente, por exemplo, na variante Delta Plus e as outras duas presentes, inicialmente, nas variantes do Reino Unido, Brasil e África do Sul.
As três mutações referidas, assim como as L452R, Y453F e S477N, estão todas na porção da proteína spike (que confere o aspeto coroado ao vírus) que se liga às células que vão ser infetadas e onde se ligam os anticorpos — uma região chamada de RBD (receptor binding domain). Estas mutações permitiram aos vírus escapar a 11 dos 13 anticorpos monoclonais (desenvolvidos em laboratório) testados pelos investigadores.
A maior resistência aos anticorpos, quer das pessoas convalescentes (que recuperaram da doença Covid-19), quer dos vacinados, é demonstrada pela mutação E484K, que foi inicialmente detetada na variante Beta (da África do Sul) e Gamma (em Manaus).
O estudo contou com as variantes existentes a 30 de março, logo não analisou a variante Delta que, depois disso, eliminou a variante Alpha em vários países e na África do Sul fez desaparecer a variante Beta. A variante Delta não tem a mutação E484K, mas tem a mutação L452R (que permite escapar ao anticorpos).
A mutação K417N (que também aparece na variante Delta Plus), pelo contrário, aumenta a sensibilidade do vírus aos anticorpos, ou seja, aumenta a probabilidade de o vírus ser atacado pelos anticorpos neutralizantes.
Os investigadores testaram ainda a capacidade de as várias variantes infetarem as células de 14 espécies de animais diferentes e verificaram que as células de rato eram as mais suscetíveis.
“Estes resultados sugerem a necessidade de uma monitorização cuidadosa das variantes emergentes em ratos, que podem levar a novas mutações do vírus e prolongar a propagação da doença”, alertam os autores do artigo.