Os EUA estão preparados para considerar “todas as opções”, se falharem as negociações sobre o acordo nuclear com o Irão, enquanto Israel ameaça usar a força para impedir que Teerão tenha acesso a armas nucleares.
O secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, disse esta quarta-feira que os EUA estão disponíveis para considerar “todas as opções”, se os esforços diplomáticos para salvar o acordo nuclear com o Irão falharem.
Washington continua a acreditar que “uma solução diplomática será sempre a melhor forma” de evitar que o Irão tenha acesso a armas nucleares, mas Blinken disse que o seu Governo está “preparado para todas as opções se o Irão mudar de direção” nas negociações.
Numa conferência de imprensa em Washington, ao lado de Blinken, o chefe da diplomacia israelita, Yair Lapid, disse que Israel “se reserva o direito” de usar a força contra o Irão para impedir que Teerão aceda a armas nucleares.
“O secretário de Estado Blinken e eu somos filhos de sobreviventes do Holocausto. Sabemos que há momentos em que as nações devem usar a força para proteger o mundo do mal”, explicou Lapid.
Por sua vez, o enviado dos EUA ao Irão, Rob Malley, disse esta quarta-feira que admite a hipótese de Teerão não querer voltar aos termos do acordo nuclear assinado em 2015, falando mesmo da necessidade de pensar em soluções alternativas para lidar com este problema.
“Acreditamos que o regresso (ao tratado de 2015) seria a melhor solução. Mas somos realistas. Sabemos que há uma forte possibilidade de o Irão escolher outro caminho e, por isso, devemos coordenar-nos com Israel e com os outros nossos aliados na região”, disse Malley, durante uma conferência organizada pelo ‘think tank’ Carnegie Endowment for International Peasse.
O negociador americano anunciou que visitará Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos e Qatar nos próximos dias, para discutir essas duas possibilidades: os “esforços para voltar” ao acordo, mas também “quais as opções para controlar o programa nuclear do Irão”.
Concluído em 2015 entre o Irão e os Estados Unidos, Reino Unido, China, Rússia, França e Alemanha, o acordo ofereceu à República Islâmica o levantamento de parte das sanções internacionais tomadas contra Teerão em troca para uma redução drástica do seu programa nuclear.
Mas após a retirada unilateral do acordo por parte dos norte-americanos, em 2018, sob a presidência de Donald Trump, e o restabelecimento das sanções, Teerão começou a libertar-se progressivamente das restrições impostas pelo tratado.
O atual Presidente dos EUA, Joe Biden, disse que está disponível para voltar ao acordo com a condição de que o Irão também renove seus compromissos.
As negociações indiretas entre Washington e Teerão, por intermédio dos demais signatários, começaram em abril, em Viena, mas estão suspensas desde a eleição, em junho, do novo Presidente iraniano, cujo Governo prometeu voltar rapidamente à mesa das negociações, mas sem definir uma data.