Um homem que “se perdeu na adolescência”, que “tentou matar o pai” e que publicava vídeos a dizer que era um “mensageiro” do Islão. Assim é caraterizado Espen Andersen Bråthen, o principal suspeito do ataque terrorista com arco e flecha na cidade de Kongsberg, na Noruega, em que cinco pessoas morreram e duas ficaram feridas.

Com 37 anos, Espen Andersen Bråthen nasceu na Dinamarca e vive na Noruega, tendo trabalhando na área da construção civil. De acordo com a ABC, foi aí que o suspeito contactou de perto com o Islão — vários colegas de trabalho eram muçulmanos, tendo sido eles que o levaram pela primeira vez a uma mesquita e o convenceram a converter ao islamismo. A partir daí, Espen radicalizou-se e começou a envolver-se em portais e fóruns islâmicos online, chegando a publicar vídeos em que se assumia enquanto um “mensageiro” do Islão cujo propósito passava por emitir “avisos” à Humanidade.

Cinco mortos e dois feridos em ataque com arco e flecha na Noruega. Polícia confirma que se tratou de um ataque terrorista

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Sobre a vida pessoal do homem de 37 anos sabe-se pouco — os vizinhos relatam uma vida solitária, interrompida apenas pelas visitas de uma mulher, que já há algum tempo não se deslocava à casa do suspeito. Do que se conhece, de acordo com as declarações de um conhecido de Espen Andersen Bråthen à estação de televisão NRK, o alegado autor do crime tinha “graves problemas mentais”, tendo-se “perdido na adolescência”, o que afetou a convivência com outras pessoas. Era uma “bomba prestes a explodir”, descreve a mesma fonte, que diz que o suspeito sofria “tanta dor, que algo tinha de acontecer”.

Numa conferência de imprensa na manhã desta quinta-feira, informa a BBC, a polícia comunicou que uma equipa de psicólogos que estava a avaliar o estado psicoemocional de Espen Andersen Bråthen e confirmou que ele já tinha acorrido “ao sistema de saúde norueguês” para tratar problemas do foro psiquiátrico, tendo entretanto desistido.

Relação com a família era tensa

As relações familiares eram bastante tensas. Ao que apurou o portal Norwat Today citando meios noruegueses, Espen Andersen Bråthen chegou a tentar matar o pai e a ameaçar de morte vários familiares. Em 2020, foi-lhe imposta uma ordem judicial que o impedia de contactar com a família durante seis meses, após ter invadido a casa dos pais e onde, em jeito de ameaça, deixou um revólver no sofá.

Para além destes episódios, Espen Andersen Bråthen já tinha cometido outros crimes, como tráfico e consumo de droga, e em 2012, invadiu o Museu Mineiro Norueguês. O suspeito esteve ainda sinalizado pela polícia pelo risco de radicalismo, mas, durante o último ano, não tinha havido mais nenhuma anomalia no seu comportamento, o que fez cair o alerta.

Relativamente ao ataque com arco e flecha, ainda não é conhecida a motivação do crime, nem se existe algum simbolismo por detrás da escolha deste objeto — a polícia apenas confirmou esta quinta-feira ter-se tratado de um ato terrorista, estando também a investigar o envolvimento de outras pessoas. Para já, tudo aponta para que o alegado autor do crime tenha agido sozinho.

Ainda segundo com as autoridades, Espen Andersen Bråthen foi a uma loja de artigos desportivos comprar os arcos em flecha, sem que nada pudesse prever o desfecho do ataque.