O BE/Açores considerou esta quinta-feira que o acesso aos 117 milhões de euros destinados à Região através das Agendas Mobilizadoras do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) são “um jogo viciado” por “beneficiar sempre os mesmos grupos económicos”.

“O Governo juntou quem quis à mesa e distribuiu o bolo por alguns. Isso é absolutamente inaceitável”, afirmou o coordenador do BE nos Açores e deputado no parlamento regional, António Lima, em conferência de imprensa em Ponta Delgada, São Miguel, sobre as agendas mobilizadoras do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR).

O coordenador do BE adiantou que vai defender a repetição deste processo, vai questionar o Governo da República sobre a aplicação destes fundos e vai apresentar uma iniciativa no parlamento dos Açores para que o próximo envelope de 125 milhões de euros destinados às empresas dos Açores no âmbito do PRR “sejam aplicados de forma transparente e com controlo democrático do parlamento”.

“Não aceitamos esta falta de transparência e esta promiscuidade e este caminho errado para os Açores. Não aceitamos que este processo seja um jogo viciado”, concluiu António Lima, acrescentando que “quando dissemos que faríamos uma luta contra o compadrio não estávamos a brincar”.

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António Lima frisou que “o que tem sido publicado nos últimos dias relativamente à forma de utilização destes 117 milhões de euros do PRR destinados à região revela situações que não são aceitáveis em democracia”, bem como o “aprofundar de um caminho errado no desenvolvimento na região”.

“Estamos perante um novo nível de negócios para amigos”, afirmou António Lima, lembrando os alertas do presidente do Tribunal de Contas para os riscos de se verificarem situações de corrupção “quando está em causa muito dinheiro público”.

O deputado do Bloco de Esquerda apontou “a falta de transparência e de democracia” neste processo, que devia ter sido “aberto e concorrencial com vista a escolher os melhores projetos”.

António Lima considerou que algumas escolhas são “um escândalo”, nomeadamente “a atribuição de milhões de euros a empresas como a ASTA Atlântida, que é responsável pela situação da Calheta Pêro de Teive” ou “a Cofaco, que despediu 160 trabalhadores no Pico e alimentou falsas espectativas de construir uma nova fábrica”.

O bloquista indicou ainda “o Hospital privado da Lagoa, acabado de inaugurar, e que depois de receber 15 milhões de euros públicos para a sua construção, vai receber agora mais alguns milhões, quando os hospitais públicos precisam de investimento”.

O BE disse que “há um vasto conjunto de conflitos de interesses nos projetos do turismo (e não só)”, considerando que as opções dos projetos a apoiar “revelam o aprofundar de um caminho errado no desenvolvimento na região”, porque aposta “nas mesmas áreas, nos mesmos setores de baixo valor acrescentado, de mão de obra barata e precária” e “sempre os mesmos grupos económicos que não querem diversificar, inovar”.