O adido de Defesa da embaixada norte-americana em Maputo apontou este sábado a capacitação de militares como o foco do apoio dos Estados Unidos às forças moçambicanas que combatem grupos armados em Cabo Delgado.

“Os nossos programas estão focados na formação para criar capacidades nas forças moçambicanas. […] Nós acreditamos que a criação de um bom militar depende da formação da sua personalidade”, declarou Fergal O’Reilly.

O responsável falava à comunicação social, momentos após uma visita ao navio de guerra da marinha dos Estados Unidos que atracou na sexta-feira no porto de Maputo.

Os Estados Unidos concluíram, em setembro, o segundo treino militar conjunto face à ameaça terrorista em Cabo Delgado, uma capacitação feita pelas Forças de Operações Especiais dos Estados Unidos da América (EUA) e que teve como principal objetivo evitar a propagação da insurgência armada no Norte de Moçambique.

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Os programas de formação dos Estados Unidos são destinados a comandos e fuzileiros das Forças Armadas de Moçambique e, além de reforçar a sua capacidade face a uma ameaça terrorista, visam fortalecer a cooperação entre o executivo de Washington e de Maputo.

“Uma das coisas que mais valorizamos na área militar dos Estados Unidos são os nossos soldados, marinheiros e fuzileiros”, frisou Fergal O’Reilly, sublinhando que os programas de formação vão continuar no próximo ano.

O porta-voz da Marinha de Guerra de Moçambique, que também visitou o navio norte-americano atracado no porto de Maputo, destacou a importância das relações entre os setores da defesa dos dois países, considerando que Moçambique pretende “capitalizar os conhecimentos e adaptá-los à sua realidade”.

“Esta é uma parceria que já existe [há anos] e este tipo de visita [do navio norte-americano] ajuda na capitalização de conhecimentos, com especial atenção ao uso de tecnologia e transferência de conhecimentos para nós podermos aplicar na nossa realidade no terreno”, frisou Charifo Sabodine.

O navio de guerra, designado Base Marítima Expedicionária USS Hershel “Woody” Williams (ESB 4) e que é responsável pelo Comando Africano dos EUA, atracou no porto de Maputo na sexta-feira e, durante três dias, oficiais da marinha dos dois países vão trocar experiências.

A província de Cabo Delgado, no Norte de Moçambique, é rica em gás natural, mas aterrorizada desde 2017 por rebeldes armados, sendo alguns ataques reclamados pelo grupo extremista Estado Islâmico.

O conflito já provocou mais de 3.100 mortes, segundo o projeto de registo de conflitos ACLED, e mais de 817 mil deslocados, segundo as autoridades moçambicanas.

Desde julho, uma ofensiva das tropas governamentais com o apoio do Ruanda a que se juntou depois a Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC) permitiu aumentar a segurança, recuperando várias zonas onde havia presença de rebeldes, nomeadamente a vila de Mocímboa da Praia, que estava ocupada desde agosto de 2020.