A armada portuguesa do Manchester City, liderada pelo espanhol Pep Guardiola, visitou esta terça-feira o terreno do Club Brugge, uma das equipas surpresa da Liga dos Campeões até agora, depois de ganhar no terreno no Leipzig e empatar a estreia do trio MNM do PSG: Messi, Neymar e Mbappé. Os citizens e os belgas (não ganhavam a ingleses na Europa há 12 jogos) defrontavam-se pela primeira vez nas competições europeias e havia uma coisa que, mesmo com a qualidade do plantel do City, seria de estranhar: Bernardo Silva não jogar.

É que o médio português, além de peça fulcral da manobra da equipa de Guardiola, tem sido muito elogiado pelo treinador espanhol, voltando a sê-lo depois do encontro do último fim de semana, frente ao Burnley, no qual o português até marcou um golo no 2-0. “O jogo do Bernardo foi extraordinário. Ele é muito intuitivo defensiva e ofensivamente. Com a bola dá-nos sempre o toque extra, o passe extra necessário para estarmos unidos e raramente perde a bola. Ele é um jogador generoso e a forma como joga é fantástica. Ele sabe que tem de rematar quando está em boa posição. Temos tanta sorte em tê-lo. Foi uma contratação incrível. O que eu quero é que Bernardo seja feliz. Ele merece o melhor. É uma joia para qualquer treinador. Está ao seu melhor nível atualmente”, referiu sem problemas Guardiola, que elogiou também o seu médio espanhol Rodri, dizendo ainda que “Bernardo está a o nível da segunda época”, quando o City foi campeão com 98 pontos.

Bernardo, um MVP que é talismã da sorte e que abriu a vitória do Manchester City

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Como seria de esperar, não só entrou Bernardo de início, como vieram os amigos do costume: o capitão de equipa Rúben Dias e João Cancelo. Todos à procura de não fazer história. Sim, não fazer história. Isto porque Guardiola não perde dois jogos seguidos fora para a Champions desde 2014/2015, quando foi derrotado pelo FC Porto (3-1) e depois pelo Barcelona (3-0). Nesse sentido, não era dia de os portugueses quererem fazer parte dessa estatística.

No entanto, o Club Brugge até começou o jogo atrevido e, dentro do que até era expectável obrigou os citizens a jogarem e a correrem a bom ritmo logo nos primeiros minutos. Curiosamente, os lances de perigo, mais pelo lado de Cancelo, Bernardo e Grealish, aconteceram quase sempre nas costas da defesa dos belgas, que arriscavam muito nesse sentido. Pelos 30′ já tinham ocorrido alguns momentos de susto para os adeptos do Brugge, mas havia sempre um fora de jogo em algum ponto da jogada, pelo que o empate continuava em cima da mesa, apesar do crescente da exibição inglesa. Por isso adivinhava-se o golo, que acabou por acontecer poucos minutos depois e logo por um dos portugueses.

Num momento que acaba por escapar um pouco a lógica do jogo, pelo menos a nível posicional, o lateral esquerdo João Cancelo, apareceu nas costas da defesa belga e um grande passe de Foden, que tinha recuado até ao meio-campo, encontrou o português que dominou a bola e depois finalizou, com o esférico a passar entre as pernas do experiente guarda-redes belga Mignolet. Cancelo estava em altas no encontro e os colegas, como é apanágio neste Manchester City, não tinham problemas em soltar o lateral à vontade, tendo em conta que, do outro lado do campo, Walker é quase sempre mais retraído. Era mesmo aquela metade esquerda da equipa que dava problemas ao Club Brugge, cuja intensidade não lhe valeu oportunidades de golo.

Já em cima do intervalo, numa primeira parte em que o último passe e o remate até nem foram muito famosos, o Manchester City chegou ao 2-0 através de uma grande penalidade convertida por Mahrez, que havia sofrido a falta. Foi um clássico bola para o lado e guarda-redes para o outro. Neste caso, o experiente guardião belga Mignolet.

No segundo tempo, os belgas voltaram a entrar com ritmo, mas o jogo estava totalmente controlado pelo Manchester City, que demorou apenas 10 minutos a chegar ao 3-0, neste caso e ao contrário do vinha sido hábito, pelo lado direito, quando uma jogada entre Mahrez e De Bruyne acabou nos pés de Walker que furou pela área em movimento interior, recebeu a bola e rematou cruzado para fechar definitivamente a luta pelos três pontos, embora faltassem ainda muitos minutos. O lateral esquerdo do City já tinha marcado um golo, fora agora então vez do defesa direito.

Guardiola tinha a mesma ideia do encontro, tanto que logo a seguir ao golo começou a fazer substituições e tirou Bernardo Silva, um dos motores da equipa, para fazer o português descansar e fazer entrar Gündogan. Pouco depois, saiu Foden, que foi um autêntico quebra-cabeças para os belgas, pois era suposto ser uma espécie de falso 9 e durante os pouco mais de 60 minutos que esteve em campo ocupou tudo o que era posição do meio-campo para a frente.

Entrou Cole Palmer, jovem de 19 anos, que assistido por Sterling, também ele saído do banco, fez o 4-0 com muita classe. O Club Brugge fez dois grandes resultados nas primeiras jornadas e talvez por isso se esperasse mais, mas o Manchester City viajou para Bélgica mesmo para tentar passear, o que acabou por acontecer, sem muita dificuldade e, sobretudo, com muita qualidade.

Nos últimos quinze minutos o City desligou-se um bocadinho do que vinha a fazer no jogo e, depois de Ederson negar um golo à equipa da casa, o Club Brugge marcou mesmo aos 81′, por Vanaken, mas Mahrez, num movimento muito semelhante ao do primeiro golo, marcado por João Cancelo, finalizou com calma na cara de Mignolet, para o 5-1 final. Desta vez, a assistência foi de Fernandinho.

A equipa belga começou o jogo à frente dos citizens no grupo A, mas não houve muito a fazer perante o poderio da equipa de Guardiola que apresentou uma das exibições mais seguras da temporada. E quando se apanha assim o City é muito complicado para qualquer equipa.