Apenas quatro nações insulares do Pacífico estarão representadas pelos seus líderes na cimeira do clima da ONU que se realiza em Glasgow, por causa das restrições impostas pela pandemia da Covid-19.

As conversações na 26.ª Conferência das Partes da Convenção-Quadro das Nações Unida sobre Alterações Climáticas (COP26) contarão com os chefes de Estado de Fiji, Papua Nova Guiné, Tuvalu e Palau.

“A nossa soberania e mesmo a nossa sobrevivência estão em risco”, afirmou o primeiro-ministro de Fiji, Frank Bainirama, para quem as conversações em Glasgow poderão ser “a última oportunidade” para os países signatários do Acordo de Paris tentarem limitar a 1,5 graus centígrados (ºC) acima dos valores médios da era pré-industrial o aumento da temperatura global até ao fim do século.

Os pequenos países insulares foram cruciais para se definir essa meta em 2015, mas nesta altura, a comunidade científica refere que o aumento de temperatura já está em 1,1ºC acima do que se verificava na era pré-industrial e segundo o Painel Intergovernamental sobre Alterações Climáticas, chegar-se-á a 1,5ºC mais cedo do que o esperado.

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Além dos quatro, os outros países serão representados por ministros, autarcas ou embaixadores na Europa ou nos Estados Unidos, afirmou o secretário-geral do grupo dos Países em Desenvolvimento Insulares do Pacífico, Fatumanva Luteru, um bloco constituído para as negociações climáticas.

Viajar destes países para Glasgow é um desafio em si mesmo, com poucos voos comerciais disponíveis e uma logística complicada para evitar quarentenas em países de escala.

Com fronteiras fechadas, casos de infeção pelo SARS-CoV-2 nas ilhas têm estado em níveis reduzidos.

Para alguns dos países signatários do Acordo de Paris, a meta de 1,5ºC evidencia grande ambição mas as nações do Pacífico consideram que se trata de “um compromisso”, uma vez que já estão a sofrer impactos graves atribuídos às alterações climáticas.

Se não se conseguir limitar o aquecimento global, poderão perder entre 30 e 70 por cento das suas economias e dos seus territórios, afirmou o embaixador de Fiji nas Nações Unidas, Satyendra Prasad.

Sem os líderes presentes em Glasgow e com equipas negociais mais reduzidas, estes países poderão não conseguir estar presentes em todas as negociações que vão decorrer durante a COP26.