Em Itália estão a multiplicar-se os casos graves de internamento de crianças por infeção pelo vírus sincicial respiratório (VSR) — uma doença viral que a Sociedade Portuguesa de Pediatria descreve como “a principal causa de infeção do aparelho respiratório nos dois primeiros anos de vida” das crianças e que tem como principais grupos de risco de contrair infeção grave “recém-nascidos, lactentes com idade inferior a seis meses e crianças com patologia pulmonar subjacente, com cardiopatia ou com imunodeficiência”.
No hospital público Policlinico Umberto I di Roma estão neste momento hospitalizadas dez crianças, duas das quais em unidades de cuidados intensivos. A situação, porém, não é muito diferente em hospitais de Milão (como o Vittore Buzi), noutros hospitais de Roma (como o hospital Bambino Gesù), em Padua (16 crianças internadas, quatro das quais em cuidados intensivos) e em unidades hospitalares de outras regiões do país, noticia o jornal italiano Corriere della Sera.
O diário italiano descreve a atual situação como uma “pandemia séria”, com multiplicação de casos de infeção pelo VSR. O diretor do departamento pediátrico do Hospital Buzzi (Milão), Giavincenzo Zucotti, confirmou ao Corriere della Sera que “o VSR está a circular” e que “as enfermarias e as unidades de cuidados intensivos estão sob pressão”. Já o responsável pelas urgências pediátricas do Hospital Bambino Gesù (Roma), Antonio Reale, disse ao diário que “nos últimos 15 dias temos assistido a um crescimento exponencial de internamentos por bronquiolite, inclusivamente severa, que é uma consequência do VSR”.
A diminuição de anticorpos resultante das restrições impostas para travar a pandemia da Covid-19, que expuseram menos as crianças e as mães (quando grávidas) ao desenvolvimento desses anticorpos, estará relacionada com o aumento exponencial de casos de infeção pelo VSR em crianças e recém-nascidos em Itália.
O vírus em questão é um dos vírus que tende a circular mais em período de inverno, mas o número de casos registados em Itália é atípico para esta fase do ano. Um dos especialistas ouvidos pelo Corriere della Sera refere mesmo que o aumento de casos que se está a verificar no país “chegou dois meses mais cedo” do que o previsto.
O VSR é “a causa mais comum quer de pneumonias (infeção dos pulmões) quer da bronquiolite (inflamação dos bronquíolos) em crianças com menos de um ano nos EUA”, de acordo com o Instituto para o Controlo e Prevenção de Doenças. Embora “a maioria das pessoas recupere numa semana ou em duas”, o vírus “pode originar casos graves, especialmente em crianças e adultos de maior idade”.
Não há nenhuma vacina que combata o VSR. Entre as medidas de prevenção mais eficazes estão a boa lavagem de mãos por parte de todos os que tocam num recém-nascido ou bebé, impedir a partilha de chuchas e brinquedos (que também devem ser lavados com frequência), evitar que as crianças com menos de um ano frequentem locais poluídos com fumo ou com grande concentração de pessoas e restringir ao máximo o contacto da criança com familiares ou outros bebés com constipações.