​​Talvez não saiba mas devemos sempre aparar o pavio de uma vela pelo menos 0,5 cm antes de voltar a acender para que queime de forma uniforme. E que as velas de soja duram 50% mais do que as velas de parafina. Soja? Isso. Na nova Maison Hanae são produzidas de forma artesanal num pequeno atelier em Lisboa, vertidas à mão em copos de vidro transparente produzidos na Marinha Grande, e é depois deste processo que se revelam nas suas briosas 300 gramas, resultado de um equilíbrio entre a tal cera de soja natural e óleos essenciais. “As sinergias têm a nossa assinatura: são conceptualizadas e criadas no nosso atelier, seguindo os princípios da aromaterapia e elevando a experiência olfativa”, explica Catarina Venâncio, co-fundadora e diretora criativa da marca, que surgiu numa casual conversa telefónica em outubro de 2020. “A Ana Machado estava a fazer lápis de cera para a filha e sem querer deixou cair cera vermelha no chão. Foi uma ideia que começou como brincadeira mas sobre a qual acabávamos sempre a falar e a explorar, até que decidimos avançar.”

São seis os blends, ou sinergias, disponíveis até à data. Cada vela custa 49 euros © Tomás Silva/OBSERVADOR

De brincadeira a caso sério, para quem se conheceu em 2017 na produção de uma campanha para um cliente, mantém outras ocupações, e partilha o gosto por home fragrances. Ana começara há pouco tempo a aprofundar conhecimentos sobre Aromaterapia e benefícios dos óleos essenciais, enquanto Catarina trabalha em Brand Marketing. Não foi preciso acender uma vela para alcançar a conclusão óbvia: “a possibilidade de poder criar uma marca do zero com um produto tão versátil foi impossível de ignorar.”

O nome escolhido traduz a origem artesanal e natural da maior, e mais bem perfumada, estrela da companhia, num encontro com a dimensão oficinal e com a tradição nipónica. E a sustentabilidade, esse desafio global, não poderia ser apagada desta equação. Cada elemento na composição das velas é de origem 100% natural e produção na União Europeia, sem parafina, sendo que as embalagens e etiquetas não incluem qualquer tipo de plástico — são recicladas e recicláveis, certificadas pela FSC. “A palavra francesa Maison por ser feito à mão num atelier perto de casa; a palavra japonesa Hanae, que significa flor/florescer e que remete também para o nome Ana (que ambas partilhamos)”.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Ana Machado e Catarina Venâncio, a dupla ao leme da Maison Hanae © Tomás Silva/OBSERVADOR

A primeira coleção da dupla, que se move na área da moda e lifestyle, inclui seis blends/sinergias diferentes. Ainda é cedo para destacar as populares, previnem, mas já há pelo menos duas entre mais requisitadas: BUREAU (laranja, canela, baunilha, patchouli) e CALMA (laranja, lavanda, neroli, frankincense, ylang ylang). A estas juntam-se FOCO (limão, hortelã-pimenta, gengibre, alecrim, sândalo), L’AMOUR FOU (bergamota, ylang ylang, neroli, patchouli), LA NOTTE (capim-limão, manjericão, pimenta preta, baunilha, ylang ylang), e PUUR (eucalipto, limão, alecrim, ylang ylang, cedro). A lógica de batismo segue a forma como a experiência olfativa influencia a relação entre o eu interior, eu exterior e o ambiente em redor; três universos que determinam a criação dos produtos.

Laranja, canela, baunilha, e patchouli: os ingredientes com propriedades calmantes a pensar no ambiente de trabalho © Maison Hanae

“Cada nome está relacionado com os efeitos que a respetiva sinergia podem criar (exemplo da CALMA), o espaço onde poderá acender a vela (a BUREAU, da palavra francesa para escritório, tem propriedades estabilizadoras e calmantes) ou ideia que associamos a essa sinergia (a La NOTTE tem propriedades suavizantes, para relaxar e descomprimir)”, descreve Catarina.

Depois das velas, a marca vai adicionar os difusores ao seu catálogo © Maison Hanae

Com cada vela a situar-se no 49 euros, a Maison Hanae dirige-se essencialmente a quem procura uma alternativa vegan, consciente e sem químicos — é aqui que o escapismo se alia à função de encher um espaço com um aroma exclusivo, sendo possível, acreditam Ana e Catarina, arrebatar um público alvo que privilegia a qualidade relativamente ao preço. “Sabemos que o valor das velas pode não fazer sentido para muitas pessoas, que preferem as opções mais acessíveis de cadeias de lojas, mas acreditamos que há um espaço a ser preenchido no que toca à oferta e procura deste tipo de produto. É responsável, português e exclusivo.”

O leque de produtos não ficará por aqui e as “novidades estão quase quase aí”. O que vem a seguir? Uma coleção de difusores.