Paulo Portas diz que a situação atual no CDS-PP “é, com certeza, grave.” No seu comentário semanal na TVI, o antigo presidente do CDS-PP avisa que “um líder de um partido democrático não cancela eleições internas, pela simples razão de que ficará sempre a dúvida de que as cancelou por medo de as perder.”
Paulo Portas começou por introduzir o tema com o facto do CDS-PP ter apenas “três antigos presidentes que nunca saíram do partido: o professor Adriano Moreira, eu próprio e Assunção Cristas”. Para falar de seguida da sua própria posição: “eu, por respeito às pessoas a quem pedi confiança e aos militantes que me ajudaram, farei tudo o que eu puder, incluindo pedir muita indulgência aos meus princípios democráticos, para conservar essa posição.”
Numa avaliação da situação, em especial, durante este fim de semana, Portas conclui que “a situação é, com certeza, grave”. Mas refletindo sobre situações anteriores que o deixaram “impressionado”, podem ler-se críticas à atual direção. “Eu fico muito impressionado quando um diretório fica contente com a saída daquele que é, provavelmente, o melhor gestor da sua geração: António Pires de Lima. Ou quando um diretório fica contente, como quem diz ‘já nos livramos dele’, com a saída do Adolfo Mesquita Nunes. Que é provavelmente uma das cabeças mais brilhantes do centro direita em Portugal. Ou quando passam dois anos a tentar tirar do parlamento, uma das melhores deputadas da Assembleia da República, que é a deputada Cecília Meireles.”
O comentador político e ex presidente do CDS recomenda o diálogo entre presidente e opositor para chegarem a acordo sobre diferentes assuntos e apaziguar assim a situação de crispação que se vive no partido. “O presidente do CDS devia olhar bem para as circunstâncias. A perceção externa do que aconteceu é terrível. Parecia uma associação de estudantes com más práticas. Eu pegava no telefone e tentava conversar com o opositor dele.” O antigo presidente do CDS relembra que durante as suas direções os adversários que vencia no congresso eram sempre convidados para listas e referiu nomes de adversários em antigas disputas internas como Maria José Nogueira Pinto, José Ribeiro e Castro, Manuel Monteiro, Filipe Anacoreta Correia, afirmando que todos foram convidados para estarem na Assembleia da República.
Paulo Portas foi presidente do CDS-PP durante 16 anos e reforça todo o esforço e paciência necessários ao longo desse tempo. Avisa que “um partido pequeno, se se dividir fica pequenino e se voltar a dividir, fica micro” e acrescenta mesmo que “um partido como o CDS não cresce se se dividir.” O comentário de Paulo Portas na noite deste domingo, 31 de outubro, surge no final de um fim de semana marcado por uma crise aberta no CDS-PP.