O Presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, foi um dos primeiros a subir esta segunda-feira ao púlpito na sala onde foram feitos os discursos dos chefes de Estado, aproveitando o seu discurso para apelar à ação concertada de todos os países e para se assumir como um líder dos esforços globais de combate às alterações climáticas — embora tenha dado poucos detalhes sobre os planos dos EUA para contribuir para esse processo.

Antes, discursaram o presidente do governo espanhol, Pedro Sánchez (na qualidade de anfitrião da última edição da COP), e o Presidente da Mauritânia. Joe Biden falou durante cerca de dez minutos, excedendo largamente os três minutos atribuídos a cada chefe de Estado para discursar perante o plenário.

Líder do segundo maior poluidor do mundo (os EUA emitem cerca de 5 mil milhões de toneladas de dióxido de carbono para a atmosfera por ano), Joe Biden chega à cimeira de Glasgow também à frente de um país ainda a recuperar de cinco anos de Donald Trump — durante os quais grande parte das políticas climáticas foram revertidas.

Perante os líderes de todo o mundo, Joe Biden pediu que a COP26 fosse o “pontapé de saída” para uma década ambiciosa e sublinhou que as alterações climáticas não são hipotéticas já estão a ter um impacto assinalável no planeta — dando como exemplo os fenómenos extremos que se têm verificado ao longo do último ano nos EUA e noutros pontos do mundo.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

“Nenhum de nós vai conseguir escapar ao pior que ainda está para vir se não formos capazes de aproveitar este momento”, disse Joe Biden.

“Este é o desafio das nossas vidas”, acrescentou.

O Presidente dos EUA garantiu ainda que o objetivo de limitar o aquecimento global a 1,5ºC em relação aos níveis pré-industriais é possível se os países se unirem e convergirem nas suas políticas climáticas.

Biden aproveitou também para sublinhar que a atual crise dos preços da energia é útil para lembrar ao mundo que é necessário encontrar alternativas sustentáveis para a produção energética, duplicando o desenvolvimento de energias limpas e limitando a exploração de combustíveis fósseis.

“Os preços altos de energia só reforçam a necessidade urgente de diversificar as fontes, reforçando o desenvolvimento limpo”, assinalou Biden.

Sabendo que se apresenta em Glasgow numa situação frágil — com o país ainda a reentrar no Acordo de Paris e com as suas políticas climáticas postas recentemente em causa no Senado norte-americano —, Joe Biden, que se quer assumir como líder global do combate às alterações climáticas, reconheceu que os EUA estão a trabalhar no sentido de reconquistar a confiança da comunidade internacional.

Para isso, Biden usou palavras sonantes, salientou a importância de alcançar a neutralidade carbónica até 2050 — o objetivo de longo prazo dos EUA — e anunciou que o país vai contribuir pela primeira vez (com um valor não anunciado) para o Fundo de Adaptação, um fundo global dedicado a ajudar os países menos desenvolvidos a financiarem a transição energética.

“Queremos demonstrar que EUA não estão apenas de volta à mesa [de negociações], mas vão liderar com o poder do exemplo”, disse Biden.