911kWh poupados com a
i

A opção Dark Mode permite-lhe poupar até 30% de bateria.

Reduza a sua pegada ecológica.
Saiba mais

"Você é o meu herói". Gouveia e Melo recebido por plateia ao rubro na Web Summit

Este artigo tem mais de 3 anos

Vice-almirante que coordenou a vacinação foi apelidado de "herói" e até deu conselhos de parentalidade. Admitiu que tem dúvidas sobre a estratégia portuguesa quando outros países não têm vacinas.

Web Summit: Segundo dia da Web Summit, no Parque das Nações, em Lisboa. Intervenção de Vice-Admirante, Henrique Gouveia e Melo. Lisboa, 2 de novembro de 2021. JOÃO PORFÍRIO/OBSERVADOR
i

Henrique Gouveia e Melo, ex-coordenador da extinta task force para o plano de vacinação contra a Covid-19, respondeu às perguntas do público na Web Summit

JOÃO PORFÍRIO/OBSERVADOR

Henrique Gouveia e Melo, ex-coordenador da extinta task force para o plano de vacinação contra a Covid-19, respondeu às perguntas do público na Web Summit

JOÃO PORFÍRIO/OBSERVADOR

Henrique Gouveia e Melo convive bem com os gritos inflamados de quem o chama de assassino à porta dos centros de vacinação, mas a comoção de quem vê nele um “herói”, elogio que lhe foi dirigido amiúde esta terça-feira, pode ser esmagadora. “De certa forma, até estou um pouco farto”, desabafou: “Somos todos heróis aqui, isto não é um feito de uma pessoa só”.

Depois de ter transformado Portugal no país mais vacinado do mundo, Gouveia e Melo não é apenas vice-almirante: é uma verdadeira rock star. E os aplausos e assobios das dezenas de pessoas que se concentraram diante do palco Q&A da Web Summit podiam ser facilmente confundidos com os de groupies como os Beliebers ou os Little Monsters de Lady Gaga.

A primeira pergunta dirigida ao coordenador da extinta task force para a vacinação contra a Covid-19 ilustra bem como Henrique Gouveia e Melo já se tornou um vulto do combate à pandemia: “O meu marido e eu temos três rapazes. Como é que podemos garantir que eles se tornam tão organizados e responsáveis como o senhor?”, questionou uma emigrante natural da Rússia que acabou de receber a nacionalidade portuguesa.

Descobriu-se assim que, além de ter orientado o país no esforço hercúleo de vacinar quase toda a gente contra a Covid-19, o vice-almirante também é capaz de facultar dicas de parentalidade: “Tem de os matricular na escola da Marinha para terem uma carreira militar”, sugeriu Gouveia e Melo. “E têm de ser normais, terem bons sentimentos sobre a comunidade, terem a esperança de fazer algo, não apenas por si mesmos, mas por toda a gente”.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Web Summit: Segundo dia da Web Summit, no Parque das Nações, em Lisboa. Intervenção de Vice-Admirante, Henrique Gouveia e Melo. Lisboa, 2 de novembro de 2021. JOÃO PORFÍRIO/OBSERVADOR

Henrique Gouveia e Melo na entrada no palco Q&A da Web Summit

JOÃO PORFÍRIO/OBSERVADOR

Gouveia e Melo questiona se a estratégia de vacinação em Portugal foi a melhor

A ideia de que os feitos conquistados pela task force que liderou não são apenas mérito de Gouveia e Melo foi repetida várias vezes na intervenção do vice-almirante. A Web Summit descreveu-o como “a estrela da pandemia de Portugal”, mas o vice-almirante insiste que não é “o Super Homem” e, por isso, muitas falhas foram cometidas nos oito meses do processo de vacinação.

O vice-almirante admite até que chega a ter dúvidas sobre se a estratégia que permitiu vacinar mais de 85% da população portuguesa contra a Covid-19 foi a melhor, num mundo em que vários países ainda não tiveram acesso alargado às vacinas: “Todos os humanos são importantes, independentemente do lugar que ocupam no globo. Falo de questões éticas, mas também de estratégia: podemos estar a ganhar a batalha, mas não a guerra. Isto é uma pandemia, não uma epidemia”, insistiu, pedindo uma coordenação entre governos para espalhar as vacinas por todo o globo.

Apesar das reticências, não hesitaria em regressar à liderança se fosse novamente necessário reorganizar o esforço de vacinação para acomodar a distribuição alargada da terceira dose: “Como militar, se fosse chamado outra vez, diria que sim, sem dúvida. Até despir este fato vou obedecer ao Governo. É a minha forma de trabalhar”.

Os três conselhos do vice-almirante para enfrentar pandemias

Questionado sobre quais os segredos de Henrique Gouveia e Melo para conquistar a confiança dos portugueses e assegurar o avanço no processo de vacinação, o vice-almirante partilhou que ajudou “não ser político”: “O Governo selecionou-me, tentei tirar o processo do debate político e cingir-se à racionalidade”.

Mas nem os constantes aplausos que eclodiam no público quando discursava o convencem totalmente que há fatores pessoais que podem ter ajudado: “Se calhar ajudou ser alto ou vestir uma farda, mas deve haver pessoas fora do mundo militar que conseguiriam fazer o mesmo”.

A estratégia de comunicação também foi fundamental: saber comunicar as (poucas) certezas e as (muitas) incertezas, as boas e as más notícias — sempre sem rodeios. E, para Henrique Gouveia e Melo, a “retórica da guerra” ajudou na tarefa: “Explicámos que o vírus era o inimigo e que nós tínhamos de o combater em conjunto.  E quem não o fizesse tinha de pensar de que lado da guerra queria estar”, sumarizou o vice-almirante, que repetiu que está a preparar a publicação de um livro com as “lições aprendidas” durante o processo de vacinação.

Mas o ex-coordenador da task force acredita que falta o mais importante: combater as alterações climáticas e o impacto dos humanos na natureza. “É isso que está por trás desta pandemia e que estará por trás das próximas se não fizermos nada”, alertou.

Ofereça este artigo a um amigo

Enquanto assinante, tem para partilhar este mês.

A enviar artigo...

Artigo oferecido com sucesso

Ainda tem para partilhar este mês.

O seu amigo vai receber, nos próximos minutos, um e-mail com uma ligação para ler este artigo gratuitamente.

Ofereça até artigos por mês ao ser assinante do Observador

Partilhe os seus artigos preferidos com os seus amigos.
Quem recebe só precisa de iniciar a sessão na conta Observador e poderá ler o artigo, mesmo que não seja assinante.

Este artigo foi-lhe oferecido pelo nosso assinante . Assine o Observador hoje, e tenha acesso ilimitado a todo o nosso conteúdo. Veja aqui as suas opções.

Atingiu o limite de artigos que pode oferecer

Já ofereceu artigos este mês.
A partir de 1 de poderá oferecer mais artigos aos seus amigos.

Aconteceu um erro

Por favor tente mais tarde.

Atenção

Para ler este artigo grátis, registe-se gratuitamente no Observador com o mesmo email com o qual recebeu esta oferta.

Caso já tenha uma conta, faça login aqui.