Várias figuras associadas à preservação da memória dos judeus e do Holocausto condenaram os planos de uma casa de leilões, que vai vender ferramentas usadas pelos nazis para marcar os prisioneiros do campo de concentração de Auschwitz.
Estes carimbos, prestes a serem postos à venda, são feitos de metal e têm agulhas dispostas em forma de números, que eram espetadas no braço dos prisioneiros. A tinta era depois colocada na ferida, que sarava e produzia uma “tatuagem” que ainda hoje marca os braços de vários sobreviventes.
Dani Dayan, o presidente do Yad Vashem, o memorial oficial do Holocausto em Israel, disse numa entrevista que a instituição “se opõe à existência de um mercado para objetos judeus ou nazis da época do Holocausto”, acrescentando que “os comerciantes gananciosos” apenas servem para encorajar este tipo de atividade.
Também o responsável pela Associação Judaica Europeia, Rabbi Menachem Margolin, citado pela BBC, pediu ao ministro da Justiça de Israel para impedir esta venda, que considera “desprezível”.
Em resposta, o leiloeiro diz que pretende, com a venda, sensibilizar e “aumentar a consciencialização” sobre o tema.
Sou o último a subestimar ou diminuir o valor do Holocausto”, disse Tzolman, citado também pela estação televisiva britânica. “Eu quero ter a certeza de que este conjunto vai parar às mãos certas e que não desaparece das páginas da história.”
O leilão de 14 destes carimbos e um manual de instruções vai começar a partir da próxima terça-feira. Este é um de apenas três conjuntos que são conhecidos atualmente, sendo que os restantes encontram-se em São Petersburgo, na Rússia, no Museu Militar Médico, e no Museu de Auschwitz, na Polónia.
As “tatuagens” dos números dos prisioneiros tornaram-se um dos símbolos do Holocausto, em que seis milhões de judeus foram mortos sistematicamente pelo regime de Adolf Hitler, durante a Segunda Guerra Mundial.