Na sequência da cimeira do clima COP26, foi tornado público nas últimas horas um primeiro rascunho (ver aqui) de um documento estratégico sobre o que se comprometem os países a fazer para limitar o aquecimento global a 1,5 graus acima da era pré-industrial, até ao fim do século XXI. A meta passa por garantir que esse aquecimento não é igual ou superior a dois graus celsius, o que teria consequências devastadoras para o planeta.

Entre esta quarta-feira, 10 de outubro, e a sexta-feira de 12 de outubro, dia em que termina a COP26, os negociadores mandatados por perto de 200 países tentarão chegar a um acordo para uma versão final do documento, baseada neste rascunho e que permita um acordo abrangente para combater o aquecimento global.

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O primeiro-ministro britânico Boris Johnson também falou nas últimas horas, apelando a uma união de esforços e a um compromisso sem reservas dos países. Disse Johnson: “As equipas de negociação estão a trabalhar arduamente nestes últimos dias da COP26 para transformar promessas em ação, de modo a combater as alterações climáticas. Ainda há muito por fazer”.

Isto é maior do que qualquer país por si só e é altura de as nações colocarem as suas diferenças de parte e juntarem-se pelo nosso planeta e pelas nossas populações. Temos de fazer um enorme esforço se quisermos manter a meta dos 1.5 graus ao nosso alcance”, assumiu.

O rascunho para um possível acordo entre países, entretanto tornado público, traz algumas linhas de orientação e de coordenação na resposta às alterações climáticas. Desde logo, como nota a estação britânica BBC, encoraja os países mais ricos a aumentarem os seus apoios aos países mais pobres, cujas economias são mais frágeis e menos capazes de acomodar os possíveis impactos a curto prazo de estratégias ambientais “verdes”.

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Esta versão orientadora de um trabalho de procura de entendimentos entre países sugere ainda a imposição da necessidade de os países reforçarem os seus planos de redução de emissões carbónicas, desafiando-os a “revisitar e fortalecer as metas para 2030”, a cumprirem “o objetivo de temperatura definido no Acordo de Paris, até ao fim de 2022” e a “reduzir até eliminar a produção de eletricidade a carvão e os subsídios para os combustíveis fósseis”, ainda que não imponha datas nem imponha reduções quantitativas neste último ponto.

Um relatório recente do grupo de investigação Climate Action Tracker sugere que apesar dos esforços feitos nesta cimeira do clima até ao momento, o conjunto de medidas acordadas não impede nem reduz a estimativa de que o aquecimento acima da era pré-industrial será de 2,4 graus até ao fim do século XXI. Se esse aquecimento for de dois graus ou mais, cerca de mil milhões de pessoas serão afetadas com vagas de calor e níveis de humidade potencialmente fatais.

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