O ministro do Ambiente e da Ação Climática afirmou esta sexta-feira que a transição energética só será “justa” com um envolvimento “grande” das áreas metropolitanas e das cidades, considerando que são os autarcas quem “melhor interpreta o território”.

“Só há transição justa com um envolvimento muito grande por parte das autarquias, porque os autarcas são quem está em melhores condições de compreender bem o risco que todos corremos e ao mesmo tempo ser capaz de os interpretar para o seu território, tentando que ninguém fique para trás”, disse João Pedro Matos Fernandes.

Em declarações à agência Lusa, à margem da 6.ª edição do fórum anual da European Metropolitan Authorities, o ministro salientou que “o maior desafio que as cidades enfrentam” é ao nível do transporte.

“Os transportes que eram responsáveis por 25% das emissões há cinco ano, hoje representam 28% e o pior é que estão a crescer em termos absolutos. Num país que reduziu em 32% as suas emissões, os transportes não têm vindo a reduzir as suas emissões”, observou o ministro.

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Considerando ser “absolutamente essencial” que as áreas metropolitanas assumam o compromisso de, juntas, avançarem com medidas para a neutralidade climática, Matos Fernandes disse que a pandemia da Covid-19 “tirou muitas pessoas do transporte coletivo”.

“Temos hoje uma procura na ordem dos 60%. É essencial criarmos condições para que as pessoas voltem a ganhar confiança nos transportes coletivos”, defendeu.

À Lusa, o ministro do Ambiente disse ainda acreditar que os países não vão conseguir atingir a neutralidade de emissões de carbono até 2050 “sem esforço”.

Vamos ser neutros em carbono em 2050 sem esforço? A resposta é não“, disse, considerando que nesta matéria “todos” têm de fazer um esforço, tanto entidades públicas, como entidades privadas e as pessoas e famílias.

As áreas metropolitanas de 21 países europeus comprometeram-se esta sexta-feira, no Porto, a avançar com medidas para a neutralidade climática, defendendo uma abordagem metropolitana nas políticas europeias, onde querem ter um papel mais decisivo.

A sexta edição do fórum anual da European Metropolitan Authorities (EMA), que decorre até sábado na Alfândega do Porto, reúne cerca de 120 participantes, mais de metade representantes das áreas metropolitanas europeias.

Organizada pela Área Metropolitana do Porto (AMP), em parceria com a Área Metropolitana de Barcelona, a iniciativa tem como foco a recuperação financeira metropolitana após a pandemia Covid-19 e a transição para cidades mais sustentáveis e inteligentes, com um eixo especial dedicado ao transporte e à mobilidade.

A iniciativa pretende discutir os principais desafios da governação metropolitana, com o objetivo de definir as bases para a colaboração entre as metrópoles europeias e as suas relações com as instituições europeias e os governos nacionais.