Primeiro Artur Jorge, pelo FC Porto, a vingar frente ao Bayern na Taça dos Campeões Europeus de 1987 a derrota dos dragões três anos antes com a Juventus na final da Taça dos Vencedores das Taças. Depois José Mourinho, também pelos azuis e brancos, a ganhar a Champions em 2004 frente ao Mónaco no ano seguinte ao triunfo na UEFA. Pelo meio, Manuel José nos egípcios do Al Ahly, um imperador no clube e em África que venceu a Champions em 2001, 2005, 2006 e 2008. A seguir de novo José Mourinho, desta vez nos italianos do Inter, a somar outra Champions em 2010. E ainda houve a participação de André Villas-Boas que acabou com a vitória do Chelsea em 2012 já com Di Matteo. Mais recentemente, as vitórias na Taça dos Libertadores com Jorge Jesus no Flamengo (2019) e Abel Ferreira no Palmeiras (2020). Assim são os portugueses.

Al-Hilal de Leonardo Jardim na final da Liga dos Campeões asiática

Na Europa, em África e na América do Sul, os técnicos nacionais foram inscrevendo o seu nome no maior título continental que se poderia disputar. Os três principais estavam conseguidos, abria-se agora a porta para um quarto na Liga dos Campeões asiática, com um novo nome nestas andanças: Leonardo Jardim.

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“Será um jogo histórico entre duas grandes equipas que já ganharam a Liga dos Campeões asiática. Em jogos como este é preciso estar totalmente focados e não existe uma vantagem significativa de uma equipa sobre a outra. Nos últimos anos, o Al-Hilal perdeu finais contra equipas que não eram melhores. Temos de respeitar o adversário e dar o nosso melhor. Quem pensa que uma final da Champions não é equilibrada, não percebe muito de futebol. Acredito que com a nossa confiança e com o apoio dos nossos adeptos vamos concretizar as nossas ambições”, comentara o técnico na antecâmara de um dia que podia ser histórico.

Liga dos Campeões. O GALO de Jardim continua de crista levantada

Depois de ter feito um percurso como adjunto em clubes como Santacruzense, Portosantense, Câmara de Lobos e Camacha, numa carreira que até começou a orientar equipas femininas como recordava esta terça-feira a ESPN numa reportagem sobre o técnico português, Jardim esteve cinco anos no Camacha e foi a partir do salto para o Desp. Chaves, em 2008, que começou a sua carreira em ascensão: Beira-Mar no ano seguinte colocando os aveirenses como uma das equipas revelação da Primeira Liga, Sp. Braga, Olympiacos, Sporting (sempre uma época em cada) e Mónaco, onde ficou quatro temporadas e voltou depois em 2019 como tábua de salvação para a equipa do Principado na Ligue 1. Em junho, mudou-se para a Árábia Saudita.

Não é preciso ganhar dentro de campo para ser campeão fora dele

Entre a dobradinha na Grécia com a vitória no Campeonato e na Taça e a conquista da Liga francesa contra o já galáctico PSG em 2017, Jardim foi deixando outras marcas não consubstanciadas em títulos. Em Braga, por exemplo, garantiu a terceira posição e consequente entrada na terceira pré-eliminatória de acesso à Liga dos Campeões, em Alvalade agarrou numa equipa com um orçamento a metade depois da pior temporada de sempre do clube e levou-a ao segundo lugar com entrada direta na Champions. Agora, quase de uma forma cirúrgica, escolheu um projeto que lhe oferecia a possibilidade de ser campeão continental e poder estar no Mundial de clubes. E as perspetivas eram positivas, até pelos resultados até ao momento: 12 jogos, oito vitórias, quatro empates, nenhuma derrota e um quarto lugar no Campeonato a cinco pontos do líder Damac mas com menos três encontros realizados e sendo o único conjunto ainda sem qualquer desaire.

Assim continuou. E ao longo de 90 minutos de festa com adeptos fervorosos que encaravam o jogo como se fosse o último da equipa, o português conseguiu mesmo vencer o Pohang Steelers por 2-0, tornando-se o primeiro técnico nacional a ganhar um título continental na Ásia e colocando o Al-Hilal como a equipa com mais troféus na prova (quatro) à frente do adversário sul-coreano que defrontou esta terça-feira.

Com um Estádio King Fahd, conhecido também como a Pérola, com um ambiente fabuloso de apoio à equipa da casa, tudo se tornou num autêntico vulcão quando Al-Dawsari inaugurou o marcador com apenas 17 segundos de jogo, num remate fantástico de pé esquerdo de fora da área ao ângulo sem hipóteses para Jun Lee. Estava aberto um cenário perfeito para o Al-Hilal gerir de outra forma a partida mas os sul-coreanos do Pohang Steelers, com o avançado Palacios a ser uma constante dor de cabeça para a defesa saudita, não se mostraram afetados com a desvantagem e tiveram uma oportunidade flagrante ainda no quarto de hora inicial para empatar num remate também de fora da área de Ho Jin Shin que bateu na trave (13′).

Até ao intervalo o encontro não teria muitas mais oportunidades, com o Pohang Steelers a tentar em ataque organizado criar perigo junto da baliza do sempre seguro Al-Mayouf e Matheus Pereira a ser um constante fator de perigo para os sauditas, que falharam apenas no último terço com Gomis e Marega. Falharam aí, não falharam na segunda parte e foi mesmo o antigo avançado do FC Porto a marcar o segundo golo que sentenciou de vez o encontro depois de uma grande assistência de Gomis (63′). Mesmo dando a bola ao adversário, o Al-Hilal dominava por completo a partida sem nunca deixar de procurar transições que dessem mais um golo e outra festa num estádio com pouco mais de 50.000 espectadores ao rubro. Esse momento acabou por não chegar mas o 2-0 valeu um triunfo muito importante na história dos sauditas do Al-Hilal.