A Associação dos Produtores de Leite de Portugal (Aprolep) alertou esta terça-feira para o risco de falhas no abastecimento regular de leite fresco de origem local, devido ao aumento dos custos de produção, sem correspondente subida do preço do leite.

“Anunciam-se novos aumentos dos custos da ração, da energia, dos adubos, de tudo o que temos de comprar para alimentar os animais e cultivar a terra. Os produtores estão a chegar a um desespero que não poderemos mais controlar”, começou por referir a Associação dos Produtores de Leite de Portugal (Aprolep), em comunicado enviado às redações.

Segundo a associação, “está em risco o abastecimento regular de leite fresco de origem local aos consumidores”, uma vez que os produtores estão a atingir o “ponto de rutura”.

Não havendo dinheiro para pagar aos fornecedores não haverá comida para os animais. Está em causa a sobrevivência dos produtores, funcionários e das suas famílias e de todas as empresas e cooperativas que fornecem os produtos e serviços necessários”, alertou a Aprolep.

A entidade tem vindo a “denunciar os sucessivos aumentos dos custos de produção sem correspondente aumento do preço de leite aos produtores” e queixa-se de não ter obtido resposta por parte da indústria privada e cooperativa das empresas e do Governo, tendo já solicitado reuniões urgentes com as associações representativas da indústria e da distribuição.

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Lamentamos que até hoje os nossos apelos ao diálogo entre Produção, Indústria e Distribuição, moderados pelo Governo, tenham sido ignorados. Quem deixar sem resposta os nossos apelos para encontrar rapidamente, através do diálogo, uma solução vai certamente ter de enfrentar uma revolta descontrolada cujas consequências não conseguimos prever”, realçou a associação.

Na sexta-feira, mais de uma centena de produtores de leite reivindicou, na Póvoa de Varzim (Porto), a “subida urgente” do preço pago à produção do leite, avisando que estão no “fim da linha” e ser “imoral” 30 cêntimos por litro.

“Pela sobrevivência do setor 0,38 Euro/litro”, “Exigimos um preço do leite justo pago à produção”, “Anunciamos a morte do setor”, “É urgente justiça no setor”, “Lutaremos até ao fim”, “É imoral, uma vergonha”, “Quem fica com o nosso dinheiro?”, “Antes tínhamos um teto, agora não temos nenhum”. Estas eram algumas das frases que se podiam ler nos cartazes que os produtores de leite portugueses mostravam na manifestação marcada para a entrada da cooperativa de leite Agros.

O custo do litro de leite pago ao produtor em outubro transato em Portugal foi de 30 cêntimos, enquanto a média paga na União Europeia é de 38 cêntimos, um preço que os produtores de leite exigem que lhes seja pago já este mês de novembro, sob a pena de terem de fechar dezenas de vacarias em Portugal.