Muito elevado. É o adjetivo que Portugal não quer ter em frente à taxa de incidência, o número de casos por 100 mil habitantes a 14 dias, mas é para lá que caminha. E a um passo relativamente rápido. Em menos de 15 dias, o país pode chegar aos 480 casos por 100 mil habitantes, passando de uma incidência elevada (298 casos) para uma muito elevada. Para que esse futuro se concretize, basta que os indicadores continuam a crescer ao ritmo atual.

Com as crianças já está a acontecer, que voltam a ter a taxa de incidência mais alta do país. Entre 0 aos 9 anos, a taxa de incidência mais do que duplica (variação de 52%) e esta semana esta faixa etária regista 453 casos por 100 mil habitantes quando a semana passada estava nos 298. 

A previsão é feita no relatório da Direção Geral de Saúde e do Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge que monitoriza as linhas vermelhas da pandemia de Covid-19.

Assim, no espaço de duas semanas, Portugal pode passar o limiar de 480 casos por 100 mil habitantes, ou seja, a taxa de incidência pode passar a ser muito elevada. Atualmente é de 298 casos por cem mil habitantes, ou seja, elevada. Segundo o relatório, o R(t) apresenta um valor igual ou superior a 1, indicando uma tendência crescente da incidência a nível nacional (1,19) e em todas as regiões.

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“A manter esta taxa de crescimento, a nível nacional, estima-se que o limiar de 480 casos em 14 dias por 100 mil habitantes possa ser ultrapassado em menos de 15 dias”, lê-se no documento da DGS e do Insa, divulgado semanalmente.

Fonte: DGS e Insa

Sem boas notícias, o documento dá também conta de que os internamentos de doentes em unidades de cuidados intensivos estão com uma “tendência fortemente crescente”.

A percentagem de valor crítico de 255 camas ocupadas a nível nacional disparou numa semana, subindo de 28% para 40%. No Centro é onde a situação está pior com 82% do nível de alerta — 28 camas ocupadas de 34.

Novos casos entre as crianças duplicam 

De resto, tudo cresce. Entre os mais velhos, a pandemia está a avançar e no grupo etário com idade superior ou igual a 65 anos o número de novos casos demonstra uma tendência fortemente crescente, 211 casos por 100 mil habitantes.

Mas o pior cenário é entre as crianças dos 0 aos 9 anos, onde o crescimento da taxa de incidência teve uma variação de 52%. Esta semana regista 453 casos por 100 mil habitantes quando a semana passada estava nos 298.

Fonte: DGS e Insa

Outra revelação do relatório das linhas vermelhas é a subida da positividade nos testes de SARS-CoV-2. A nível nacional, a proporção de testes positivos foi de 4,7%, acima do limiar definido de 4%, tal como já tinha acontecido na semana passada (4,3%).

No final, a análise dos diferentes indicadores não deixa dúvidas ao Insa e à DGS: a atividade epidémica em Portugal é de intensidade elevada, com tendência fortemente crescente a nível nacional.

Apesar disso, a pressão nos serviços de saúde e o impacto na mortalidade são ainda moderados, mas também já revelam tendência crescente. É o caso da mortalidade específica por Covid-19 — os 15,5 óbitos por milhão de habitantes ilustra um crescimento, embora com impacto ainda moderado.

O relatório alerta ainda para a emergência da variante Ómicron — ainda não detetada em Portugal. No entanto, por ter um elevado número de mutações de interesse, no relatório defende-se a necessidade de reforçar a vigilância epidemiológica no país, a virológica e ainda de reforçar o controlo de fronteiras em Portugal, até serem conhecidas mais informações sobre esta nova variante que surgiu na África do Sul.