É uma espécie de cartografia da nova variante do SARS-CoV-2, o Ómicron, com mais pontos vermelhos (as mutações) do que a Delta, quase todos concentrados na mesma zona — aquela onde a proteína spike “interage com as células humanas”. A representação é de uma equipa de investigadores do hospital Bambino Gesù, em Roma (Itália), que procurou “mapear” a nova variante e compará-la com a Delta.

O resultado é uma imagem em que se “vê bem que a variante Ómicron tem muito mais mutações do que a variante Delta” — que já tinha, ela própria, um número elevado de mutações —, “concentradas sobretudo numa zona da proteína [spike] que interage com as células humanas”, explica a equipa, num comunicado citado pelo El Mundo. Porém, um maior número de mutações não significa, por si só, que seja mais perigosa, mas sim “que o vírus se adaptou mais uma vez à espécie humana gerando outra variante”.

À AFP, Claudia Alteri, professora de microbiologia clínica na Universidade de Milão e investigadora no hospital Bambino Gesù, explicou que a investigação se centrou nas mutações ao nível da “estrutura tridimensional da proteína spike”, que é a porta de entrada do vírus nas células. “Esta imagem, que representa um pouco o mapa de todas as variantes, descreve as mutações da Ómicron”, mas não revela que “papel” têm, lembra Alteri.

Ómicron tem mais de 30 mutações e pode estar bem mais disseminada. O que se sabe sobre a nova variante?

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A Organização Mundial da Saúde (OMS) já apelidou a Ómicron como uma “variante de preocupação” que  tem “um grande número de mutações, algumas das quais preocupantes”, sendo que os dados preliminares apontam para “um risco acrescido de reinfeção” face a outras variantes.

No entanto, vários cientistas britânicos tentaram, este sábado, relativizar o alarme gerado pela Ómicron, por considerarem que as vacinas vão continuar a ser eficazes a evitar doença grave, mesmo apesar das mutações genéticas da nova variante.

“As mutações [da Omicron] existem noutras variantes, e as vacinas conseguiram prevenir a doença grave com as [variantes] Alpha, Beta, Gamma e Delta”, afirmou o imunologista Andrew Pollard, diretor do grupo de investigação de vacinas da Universidade de Oxford que desenvolveu a vacina da Covid-19 para o laboratório AstraZeneca, à BBC.