O Centro de Saúde de Aguiar da Beira está com “apenas dois” enfermeiros, dos quatro habituais, para um universo de mais de 4.000 utentes, o que coloca “em risco” a assistência à população, denunciou esta quinta-feira o Sindicato dos Enfermeiros Portugueses.
Aguiar da Beira já começa a ser um problema crónico, porque já em 2016 passámos por isto. O centro de saúde, que só tinha quatro enfermeiros a prestar cuidados, ficou nos últimos dias só com dois, porque os outros dois, por questões de saúde, meteram baixa”, explicou o delegado da direção regional da Beira Alta do sindicato.
Alfredo Gomes disse à agência Lusa que “esta redução de 50% de enfermeiros” neste centro de saúde “põe em causa os cuidados de saúde à população, principalmente quando se assiste a este aumento de infeções com Covid-19 e com os descansos em atraso e horas a mais” destes profissionais.
Isto preocupa-nos imenso, ainda mais quando se trata de população envelhecida e de uma zona do interior, muito fria nesta altura do inverno. Uma região onde os acessos são difíceis e, às vezes, para uma única assistência ao domicílio é preciso uma manhã inteira”, sublinhou.
O sindicalista disse que “já foi remetido um pedido para a ARS [Administração Regional de Saúde] do Centro para que seja reforçado urgentemente este centro de saúde“, uma vez que “até quatro enfermeiros são poucos para a população que abrange, que são mais de 4.000 utentes”.
“O ideal, sem pandemia, era haver seis enfermeiros e neste momento estão dois em pandemia e em pleno aumento de infeções. O Governo já publicou um decreto que permite às ARS contratarem enfermeiros para esta nova vaga da pandemia”, apontou.
O sindicalista disse que os enfermeiros que estão no Agrupamento de Centros de Saúde (ACES) Dão Lafões, a que o centro de Aguiar da Beira está afeto, “já transmitiram esta preocupação aos responsáveis, mas é natural que o ACES não consiga responder”.
“Para colocar num lado, vai tirar do outro? Como se diz, para tapar a cabeça destapa os pés? Sabemos que o ACES colocou a questão à ARS no sentido de lhe ser permitido contratar diretamente enfermeiros, se é que os consegue encontrar no mercado”, indicou.
Alfredo Gomes disse saber que “já foi aberto um concurso na ARS Centro, mas que está ainda na fase de entrega de candidaturas”, o que faz com que “não haja enfermeiros tão cedo, porque são processos demorados e já não vai responder em tempo útil, nesta fase de inverno“.
“Ou seja, têm de ser colocados imediatamente, pelo menos, dois enfermeiros em Aguiar da Beira, para, no mínimo, reporem o que estava”, exigiu Alfredo Gomes.
O sindicalista alertou para “a falta de enfermeiros generalizada” nos centros de saúde, nomeadamente do ACES Dão Lafões, mas reconheceu que, “neste momento, o de Aguiar da Beira é o mais urgente”.