Simon Kjaer ficou no 18.º lugar da corrida à Bola de Ouro, vencida no início desta semana por Leo Messi. A posição do defesa dinamarquês foi por muitos considerada demasiado elevada, mas talvez esta nomeação para os 30 melhores futebolistas tenha pouco a ver com futebol. Adeptos do desporto rei ou não, a imagem de Kjaer a proteger o seu colega Christian Eriksen quando este caiu inanimado num jogo do Euro 2020 correu o mundoToda a gente viu.

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Durante a cerimónia da Bola de Ouro, o apresentador Didier Drogba (outro craque dos relvados no seu tempo) fez questão de elogiar Kjaer. O central dinamarquês, como todos os colegas por ele capitaneados, como também a equipa médica dinamarquesa, todos foram considerados heróis e todos, de uma maneira ou de outra, contribuíram para que Eriksen fizesse o que fez esta quinta-feira.

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“Não sou herói. Consegui ficar lúcido e fiz o que qualquer um faria”. Kjaer lembra o momento em que Eriksen colapsou no Euro 2020

É que segundo a Gazzetta dello Sport, Christian Eriksen realizou esta manhã o primeiro treino, e com bola. Não foi um treino à atleta de alta competição, como a figura maior da seleção dinamarquesa e jogador do Inter tantas vezes fez ao longo da carreira, mas talvez o treino mais importante para a sua vida. 173 dias depois de uma paragem cardíaca, o jogador de 29 anos deu umas corridas, uns toques numa bola que tantas vezes o colocou nos holofotes pelos melhores motivos. Pelos motivos que fazem dos craques do futebol estrelas a nível planetário. E que excelente jogador é Eriksen.

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Foi em Odense, Dinamarca, perto de onde Eriksen tem uma habitação e perto do complexo desportivo do Odense BK (OB), equipa da primeira divisão daquele país. O jornal desportivo italiano cita media locais e diz que o jogador apareceu logo às 8h00 locais com um treinador pessoal e realizou alguns exercícios: corridas com cones, remates à baliza, etc. Fê-lo no campo mais distante do restante complexo, pelo que as imagens e relatos não são muitos.

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“Estamos muito contentes por o Christian estar a manter-se em forma nos nossos campos. Mantivemos contacto com ele e estamos honrados por ele nos perguntar se podia manter a forma aqui”, afirmou o diretor do OB Michael Hemmingsen. Eriksen tem uma ligação especial ao clube, onde jogou entre 2005 e 2008, antes do salto para o Ajax.

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Relembra a Gazzetta dello Sport que, com o aparelho desfibrilhador que tem no coração, Eriksen não pode jogar em Itália. Pode em Inglaterra, Holanda ou Dinamarca, por exemplo. Em solo transalpino, o seu clube, o Inter, sempre se manteve próximo do atleta, cujo ordenado de 7,5 milhões de euros é pago pelo seguro da FIFA. Mas isto, isto é futebol. O que aconteceu esta quinta-feira em Odense é mais do que isso: é sinal de uma vida que se mantém.