Portugal registou um excesso de mortalidade durante 13 dias seguidos, entre 20 de novembro e 2 de dezembro, indicam os dados do Sistema de Informação dos Certificados de Óbito (SICO). É o maior período consecutivo com excesso de mortalidade desde a segunda e terceira vagas da epidemia de Covid-19, altura em que o país esteve 120 dias a registar mais óbitos do que a média.

Ao longo destes 13 dias, só a 25 de novembro se registou excesso de mortalidade na faixa etária dos indivíduos com menos de 70 anos — foram 88 óbitos, uma sobremortalidade de 39,1%, diz o SICO. Mas entre os idosos a partir dos 65 anos, o sistema de vigilância assinalou um excesso de mortalidade todos os dias no mesmo período de tempo. Aliás, foi assim desde 13 de novembro e só parou na sexta-feira.

Entre as 4.825 mortes que se registaram de 20 de novembro a 2 de dezembro, e segundo os relatórios de situação da Direção-Geral da Saúde (DGS) apenas 173 foram atribuídas à Covid-19 — menos de 3,6% do total. Tal como recorda este sábado o Jornal de Notícias, o panorama é, ainda assim, diferente do vivenciado no início do ano, quando janeiro teve 6593 mortes a mais, 88% por Covid-19: agora, num novembro com 1265 mortes a mais face à média 2017-2019, 24% foram provocadas pelo coronavírus.

Neste mais recente período de sobremortalidade sinalizado pelo SICO, o dia mais crítico foi 29 de novembro, quando se registou 297% de excesso. Desde 17 de fevereiro que não havia tantos óbitos em Portugal nem uma percentagem tão grande de sobremortalidade: foram 400 mortes, menos 44 que a 17 de fevereiro, e 399% de excesso. Desde o início do ano, o pior dia foi 22 de janeiro: registaram-se 744 óbitos, 234 dos quais por Covid-19 (31,5%), e o excesso de mortalidade alcançou os 1.353%.

Em declarações ao Jornal de Notícias, Carlos Antunes, engenheiro da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, atribui o excesso de mortalidade no fim de novembro ao frio, que deixa a população suscetível às doenças respiratórias. O pneumologista Filipe Froes e o médico de saúde pública Vasco Ricoca Peixoto também acreditam que a maior circulação de outros vírus respiratórios pode justificar este excesso de mortalidade.

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