Manuela Tender, ex-deputada do PSD à Assembleia da República entre 2011 e 2019, vai ser a candidata do Chega como cabeça de lista do círculo de Vila Real. Depois de André Ventura ter apresentado Sérgio Ramos, que já tinha ido às autárquicas, como a escolha para aquele círculo eleitoral, houve uma mudança de planos em articulação com a distrital e será a independente a ir como cabeça de lista.

Fonte da direção do Chega disse ao Observador que esta é uma escolha “melhor” para o distrito e para o país e que o facto de Manuela Tender ser uma ex-social-democrata é “muito relevante” para o partido, tendo em conta que o Chega tem vindo a insistir que pretende “acolher todos os que estão desencantados com um PSD que se tornou uma cópia do PS”.

Na visão do partido, esta é uma forma de mostrar que o Chega é uma alternativa a quem já não se revê no PSD, uma ideia tantas vezes repetida pelo líder do partido. E a necessidade de transmitir essa mensagem pode mesmo ter sido a chave para retirar o candidato Sérgio Ramos, que já tinha sido apresentado pelo líder do partido na passada sexta-feira.

Além de o Chega continuar a apostar na implementação em território nacional, Vila Real é uma das apostas do partido para estas legislativas pelo resultado conseguido nas eleições Presidenciais. Ao contrário das autárquicas, em que o Chega não conseguiu eleger um vereador e apenas se ficou por um deputado municipal, André Ventura obteve 13,70% dos votos nas Presidenciais, ficando até à frente de Ana Gomes neste distrito. Tendo por base  este resultado, o partido acredita que Manuela Tender será a pessoa certa para fazer um trabalho sólido nas legislativas antecipadas.

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André Ventura aposta em repetentes para cabeças de lista às legislativas

Manuela Tender saiu do PSD ao fim de 15 anos de “militância entusiástica, ativa e convicta”, em fevereiro de 2020, por acreditar que o partido estava “sem rumo nem estratégia, sem voz nem liderança, sem ambição nem projeto, sem combatividade nem um claro caderno reivindicativo para o concelho e a região, num divórcio crescente com os anseios e preocupações dos cidadãos”.

“Decidi exercer livremente os meus direitos e deveres de cidadania ativa, crítica e participativa, sem sujeição a códigos de conduta nos quais não me revejo e que condeno e condenarei sem complacência”, escreveu na altura a professora nas redes sociais no momento da saída.

Na altura, Manuela Tender criticou a distrital de Vila Real pela forma como fez as listas para as eleições legislativas de 2019, sendo que ficou fora das escolhas. Segundo o Notícias de Vila Real, a decisão da distrital chegou mesmo a ser alvo de uma petição online para que a ex-social-democrata fosse candidata a deputada.

Esta não foi a primeira vez em que a ex-deputada se colocou na linha da frente de uma polémica. A saída de Luís Montenegro da liderança da bancada parlamentar do PSD — pelo facto de ter atingido o número de mandatos permitido pelo partido — e a consequente candidatura de Hugo Soares foi duramente criticada pela ex-deputada, que chegou mesmo a fazer um apelo aos colegas de partido contra a “simples resignação” à candidatura existente e para que se procurasse uma alternativa que representasse “melhor as expectativas do grupo parlamentar, dos militantes do PSD e dos portugueses”.

“O nosso grupo parlamentar conta com gente de muito valor, de grande experiência política e não só, com brilhantes currículos, de credibilidade, solidez e competência inquestionáveis, grandes ativos do PSD que entendo que deviam ser incentivados”, escreveu na missiva que reencaminhou aos colegas de bancada do Parlamento.

A lista alternativa que sugeria acabou por nunca acontecer, Hugo Soares foi mesmo eleito líder da bancada social democrata e a então deputada do PSD saiu da Assembleia da República nas eleições seguintes.