Manuel Pinho, detido na manhã de terça-feira após interrogatório, passou a noite no Comando Metropolitano de Lisboa da PSP, em Moscavide depois de ter sido ouvido pelo no Tribunal Central de Instrução Criminal. O ex-ministro que será presente esta manhã ao juiz Carlos Alexandre, não quis falar. Também o interrogatório à mulher do ex-ministro já terminou e Alexandra Pinho foi libertada.

A audição vai ser retomada esta quarta-feira pelas 9h15 e só depois serão conhecidas as medidas de coação: primeiro a defesa responderá à proposta do MP e só depois o juiz Carlos Alexandre decidirá. No caso de Manuel Pinho, o interrogatório visa alterar as medidas de coação já aplicadas. No caso da sua mulher, visará impôr medidas de coação.

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O ex-ministro socialista Manuel Pinho foi esta terça-feira detido após ter sido interrogado, no âmbito do caso EDP, confirmou de manhã Observador junto de fonte do DCIAP. Alexandra Pinho, mulher do ex-ministro, tinha também mandado de detenção emitido em seu nome, que foi, entretanto, anulado.

Ao que o Observador apurou, os procuradores Carlos Casimiro e Hugo Neto entenderam agir preventivamente e deter Pinho para que ele seja ouvido no Tribunal Central de Instrução Criminal no âmbito da alteração das medidas de coação que o MP irá promover junto do juiz Carlos Alexandre. O ex-ministro da Economia tem apenas o termo de identidade e residência mas o MP pretende promover uma medida de coação mais gravosa. Não é certo que os procuradores promovam a prisão preventiva.

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E porquê esta alteração da medida de coação? Tudo porque Manuel Pinho e a sua mulher Alexandra têm residência em Alicante, Espanha. Desde há vários anos que não têm residência em Portugal e os procuradores entendem que existe perigo de fuga, como aconteceu recentemente com João Rendeiro

Alexandra Pinto libertada

Alexandra Pinho está neste momento a ser ouvida em tribunal, mas o mandado de detenção emitido em seu nome pelos procuradores do caso EDP foi anulado. O Observador sabe que sairá em liberdade esta noite.

A mulher do ex-ministro também deveria ter comparecido esta manhã nas instalações do DCIAP. O interrogatório, aliás, estava marcado desde o dia 4 de novembro.

Tal como aconteceu em novembro, Alexandra Pinho faltou com a justificação de que seria alvo de uma intervenção cirúrgica que teria marcado, acrescentando e dizendo que estaria disponível a partir do final de novembro.

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Sá Fernandes reage: “É um grave abuso de poder”

O advogado de Pinho, Ricardo Sá Fernandes, reagiu com indignação à notícia. “Eu acho que a justiça não pode funcionar assim. Isto é uma situação de um grave abuso de poder“, atirou.

E foi mais longe nas acusações ao Ministério Público: “O MP não pode escolher os juízes que acha que servem melhor os seus propósitos. Tenho toda a tranquilidade, tenho muitos anos disto, já vi muita coisa na vida forense em Portugal, mas esta é daquelas que achava que nunca iria ver”.

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As novas suspeitas contra Pinho e a sua mulher

Tal como o Observador noticiou em exclusivo em outubro, o MP pretendia aumentar o número de arguidos do caso EDP, com o inquérito a aproximar-se do fim. Alexandra Pinho seria a nova arguida em breve. Em causa estava e estão suspeitas da alegada prática do crime de branqueamento de capitais relacionada com a titularidade da sociedade Tartaruga Foundation – a empresa offshore de Manuel e Alexandra Pinho.

A sociedade, com sede no paraíso fiscal das Ilhas Virgens Britânicas, serviu para Manuel Pinho receber uma alegada avença de 15 mil euros mensais do Grupo Espírito Santo (GES) durante o seu mandato no Governo — e é a prova principal do Ministério Público para imputar vários crimes de corrupção a Manuel Pinho.