A Ordem dos Médicos considerou esta quarta-feira que as 50 vagas que ficaram por preencher no internato médico “é inédito, desolador” e revela “a gravidade da situação” que o Serviço Nacional de Saúde atravessa.
Para a Ordem dos Médicos (OM), “é urgente que a tutela vá ao encontro da expetativa dos médicos e dos portugueses, que pedem um SNS mais forte”.
A OE refere em comunicado que o concurso para os médicos escolherem a especialidade em que pretendem completar a sua formação já terminou, adiantando que o mapa nacional apresentava um total de 1.938 vagas, sendo 18 exclusivas para o Ministério da Defesa.
Contudo, cerca de 50 ficaram por preencher, mesmo sendo em zonas centrais do país. No total, existiam 2.462 candidatos potenciais para o concurso. Perto de 600 candidatos desistiram antes ou durante o processo, tendo ficado 50 vagas desertas”, salienta.
Apontando o caso da Medicina Interna, a OM refere que ficaram 31 vagas por ocupar, sendo que dez são no Centro Hospitalar Universitário Lisboa Norte (que agrega os Hospitais de Santa Maria e Pulido Valente).
Registaram-se ainda 14 vagas por ocupar para Medicina Geral e Familiar, em Lisboa e Vale do Tejo e Alentejo, e também ficaram sem ninguém quatro vagas de Imuno-hemoterapia em Lisboa e no Alentejo e uma de Patologia Clínica no Alentejo.
Para o bastonário da Ordem dos Médicos e presidente do Conselho Nacional do Médico Interno, Miguel Guimarães, este número de vagas por ocupar “é inédito, desolador e revela a gravidade da situação que o SNS atravessa”.
A Ordem dos Médicos identificou um número de capacidades formativas histórico, num grande esforço para ajudar o SNS a manter a sua joia da coroa: a formação. Mas o que fazemos não compensa a falta de condições de carreira, de projeto profissional e o desrespeito com que a tutela trata os médicos e os outros profissionais de saúde, empurrando-nos para fora do SNS”, afirma Miguel Guimarães, citado no comunicado.
O bastonário considera que é “uma realidade muito triste” e diz temer que, “se o Ministério da Saúde nada fizer”, se entre “numa espiral negativa impossível de reverter”.
É urgente que a tutela vá ao encontro da expectativa dos médicos e dos portugueses, que pedem um SNS mais forte, com efetivas condições técnicas e humanas para uma medicina de qualidade”, reforça Miguel Guimarães.