Uma entrada melhor do FC Porto, uma resposta tão boa ou melhor do Sporting, a reentrada ainda melhor do FC Porto, a não resposta sem melhoras do Sporting. Era desta forma que se podia resumir a primeira mão da final da Taça Intercontinental de hóquei em patins no Dragão Arena, que terminou com um lance polémico e muito contestado pelos visitantes que permitiu a Gonçalo Alves carimbar o 6-3 para os azuis e brancos num livre direto no último segundo de jogo. No entanto, e como diziam os treinadores, as contas estavam longe de se encontrarem fechadas. Mas muita coisa teria de mudar na história para isso.

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“Foi uma vitória muito importante mas não só pelo resultado. Foi pela atitude, foi pela luta. A equipa soube pensar e perceber o que precisava no jogo. Mas ainda faltam 50 minutos e vamos dar tudo para ganhar. A eficácia é difícil de controlar mas depois de haver duas fases no primeiro tempo falámos ao intervalo e ficámos melhor. Agora temos que descansar e preparar para ganhar o jogo de domingo [na segunda mão]”, tinha destacado Ricardo Ares, técnico espanhol que chegou na presente temporada aos azuis e brancos.

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“Foi um jogo com duas partes totalmente distintas, mas, mesmo assim, na primeira parte também não entrámos muito bem. Andámos muito em ações 1×1, desgastámo-nos e facilitámos a tarefa. Conseguimos depois equilibrar e, a partir de certa altura, controlámos o jogo. Na segunda parte, tivemos uma entrada péssima, continuámos a cometer os mesmos erros da primeira e a dar clara vantagem ao FC Porto no jogo. A diferença [de três golos] é injusta mas estamos a meio desta final. Vamos recuperar os jogadores, corrigir aquilo que não fizemos bem e sair com tudo no domingo. Podem contar connosco até à última gota de suor”, prometera Paulo Freitas, treinador campeão europeu e nacional pelos leões.

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De 2006 para cá, nos anos em que se jogou a Taça Intercontinental (e não foi sempre, por variadas razões), as finais foram apenas a uma mão; antes, desde de 1985, todas foram com dois jogos menos a de 1998 e com essa particularidade de a equipa que ganhava o primeiro vencer também o segundo. Era nessa “regra” que o FC Porto confiava, depois do segundo triunfo da época frente aos lisboetas (9-5 no Campeonato). Era essa a “regra” que colocava o Sporting em busca da exceção, naquela que era a nona partida entre ambos em 2021 com vantagem verde e branca até aqui. No final, e apesar dos sustos, foi o FC Porto a sair por cima apesar da derrota, juntando-se a Óquei de Barcelos (1992, 2-1 e 7-3 ao Sertãozinho) e Benfica (2013, 10-3 ao Recife e 2017, 5-3 com o Reus) como equipas portuguesas que já conquistaram o troféu.

O encontro começou a um ritmo alucinante e com dois golos nos dois minutos iniciais, quando alguns dos espectadores que quase esgotaram a lotação possível dentro das atuais condicionantes ainda não tinham entrado no Pavilhão: Carlo di Benedetto inaugurou o marcador num trabalho individual fantástico na área e, logo na resposta, Alessandro Verona respondeu da mesma forma com o empate (2′). A partida ganhava um ritmo frenético, com o Sporting a forçar um jogo mais partido e o FC Porto a ter dificuldades em colocar “gelo”, e os leões aproveitaram esse balanço para passarem para a frente com um golo à boca da baliza de Toni Pérez no seguimento de jogada de Platero (7′). O Pavilhão empolgava a equipa verde e branca e a equipa verde e branca respondia em termos práticos, com João Souto a fazer o 3-1 (11′) já depois de Romero permitir a Xavi Malián a defesa num livre direto (9′). Depois, tudo se tornou ainda mais “de loucos”.

Num lance em que levantou demasiado o stick e atingiu Romero no queixo (o argentino voltou depois ao rinque com um enorme penso branco a envolver a cara para proteger essa zona), Carlo di Benedetto viu o cartão vermelho direto mas, ao longo de quatro minutos com menos um, não só o FC Porto não sofreu qualquer golo (Ferran Font falhou o livre direto) como conseguiu até reduzir por Reinaldo García (13′) antes do 4-2 de Toni Pérez, de novo ao segundo poste, quando os dragões tinham acabado de voltar a ter os quatro jogadores de campo na pista (16′). O encontro não teria mais golos até ao intervalo mas chances não faltaram, em 25 minutos eletrizantes com um pouco de tudo e contas ainda em aberto.

No segundo tempo, as duas equipas foram mais “cerebrais” na abordagem ao jogo, com o Sporting a chegar ao empate na eliminatória com o hat-trick de Toni Pérez após nova grande iniciativa dos leões (26′) e o FC Porto a voltar para a frente com um golo pelo buraco da agulha de ângulo impossível por Rafa (30′), tendo ainda a oportunidade de reduzir a desvantagem no jogo e aumentar o avanço na eliminatória num livre direto de Gonçalo Alves pela décima falta dos leões que não foi convertido (34′) antes de um desconto de tempo de Paulo Freitas e o 6-3 de João Souto após remate de Romero que empatava tudo (35′) para pouco menos de 15 minutos que iriam decidir mais um troféu entre as duas equipas em 2021.

Com muitas quedas e picardias à mistura, os nervos começavam a imperar e os dragões foram mais fortes nesse particular, conseguindo espaço numa boa transição para colocar Xavi Barroso na carreira de tiro para o 6-4 sem hipóteses para Ângelo Girão (41′) e marcando mais um numa situação de 2×2 com Gonçalo Alves a redimir-se de um livre direto no ferro para marcar o 6-5 numa grande jogada individual (45′). O conjunto verde e branco ainda tentou tudo mais com o coração do que com a cabeça mas os portistas estiveram nessa fase outra capacidade de gerir a vantagem, segurando o resultado até ao final.