Israel está preparado para agir sozinho, se necessário, contra o Irão, alertou esta segunda-feira o ministro dos Negócios Estrangeiros israelita, Yair Lapid, horas antes do recomeço das negociações, em Viena, sobre o acordo nuclear.

“Claro que preferimos agir em cooperação (com a comunidade internacional), mas, se necessário, agiremos sozinhos. Vamos defender-nos“, disse Lapid numa audição no Comité de Negócios Estrangeiros e Defesa do parlamento israelita.

Israel opôs-se ao retomar das conversações para reanimar o acordo que o Irão assinou em 2015 com o chamado Grupo 5+1 (Estados Unidos, Rússia, China, França, Reino Unido e Alemanha).

Washington abandonou o pacto em 2018, por decisão do então Presidente dos EUA, Donald Trump, que impôs novas sanções a Teerão, mas o novo Presidente, Joe Biden, é favorável a um novo acordo. Um ano após os Estados Unidos terem denunciado o acordo, a República Islâmica começou a deixar de cumprir os seus compromissos gradualmente.

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Apresentámos aos nossos aliados algumas informações concretas que mostram que o Irão está a enganar o mundo de uma forma sistemática“, disse Lapid, que em 2023 assumirá a liderança rotativa do governo de coligação israelita.

A única coisa que importa ao Irão é que as sanções sejam levantadas e milhares de milhões de dólares sejam investidos no seu programa nuclear, e canalizar fundos para o Hezbollah (a milícia xiita que controla o sul do Líbano), a Síria, o Iraque e a rede terrorista que eles implantaram em todo o mundo”, acrescentou.

As negociações de Viena visam, ao mesmo tempo, reintegrar Washington no acordo e garantir que o Irão respeita os seus compromissos.

Assinado em Viena, em 2015, o acordo nuclear ofereceu ao Irão o levantamento de parte das sanções do Ocidente em troca do compromisso de não desenvolver armas atómicas e de uma redução drástica do seu programa nuclear, colocado sob estrito controlo da ONU.

Mas, alegando que o acordo está paralisado desde 2018, o Irão tem progredido no enriquecimento de urânio e no seu programa nuclear.

“Israel não permitirá que o Irão se torne um Estado no limiar do nuclear”, insistiu Lapid, acrescentando que “o principal desafio da política externa de Israel é travar o programa nuclear iraniano“.

O ministro referiu que Israel manteve nos últimos meses um “diálogo intenso” com todos os países envolvidos nas negociações, e deixou claro que “Israel não se opõe a um bom acordo”, mas sim a um acordo que “não permite uma supervisão real do programa nuclear iraniano, nem do dinheiro iraniano, nem da rede terrorista iraniana”.

As negociações retomadas esta segunda-feira em Viena são a 8.ª ronda de discussões, sendo que não houve grandes avanços nas anteriores.