Numa sala do Gondomar GoldPark há oito técnicos superiores da Câmara Municipal que suspenderam temporariamente os seus serviços para se dedicarem à realização de inquéritos epidemiológicos relativos à Covid-19. A medida não é inédita (aconteceu também em dezembro de 2020), mas teve de voltar a ser tomada face ao aumento de casos de Covid-19, um cenário que está a dificultar a resposta das autoridades de saúde na realização destes inquéritos.

A autarquia decidiu reforçar as equipas com meios próprios. Desde esta segunda-feira que os oito técnicos estão também a contactar por chamada telefónica os utentes que testaram positivo e os contactos de risco, sendo que no momento em que estes inquéritos começaram a ser realizados existiam cerca de 2.260 casos positivos que ainda não tinham sido contactados pelas autoridades de saúde.

“No final da semana passada, em função do número de casos, foi decidido reativar esta equipa. O que estão a fazer é o contacto dos positivos e das pessoas que estiveram com alguém que testou positivo e que precisam de saber se ficam em isolamento, se devem fazer testes e se têm declaração de isolamento profilático”, explica Marco Martins, presidente da Câmara Municipal de Gondomar. O grande objetivo, refere o autarca, é acelerar o processo do rastreio de contactos, permitindo interromper mais rapidamente as cadeias de transmissão na comunidade local.

Susana Silva, técnica do departamento da Juventude da Câmara de Gondomar, é uma das funcionárias que nos próximos tempos se vai dedicar à realização de inquéritos epidemiológicos. Entre chamadas, o documento de Excel que tem de preencher com várias informações (desde a testagem às informações pessoais e à possível necessidade de uma declaração de isolamento profilático) e as dúvidas a que vai respondendo, a experiência não é totalmente nova. “Já o tinha feito há um ano”, explica ao Observador. O desafio, acrescenta, continua a ser grande e o ritmo de trabalho também: “Tem sido um ritmo alucinante porque os casos estão a subir mais do que no ano passado”.

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Ainda assim, o cenário desta vez tem algumas diferenças. “Da primeira vez foi mais complicado porque era tudo novo, as pessoas não eram informadas, não estavam vacinadas. Neste momento já têm outro espírito, ainda que continue a faltar um pouco de consciência. Mas o medo não é tanto, a hesitação não é tanta, há mais informação e de tudo faremos para continuar com esta missão”, sublinha a técnica.

Os oito técnicos juntam-se à equipa de 15 pessoas da delegação de saúde que têm vindo a fazer este trabalho, mas que com o aumento de casos positivos têm tido mais dificuldade em dar uma resposta célere a todos os casos. “O que se pretende com o rastreamento de contactos é o isolamento mais precoce possível, no sentido de evitar a transmissão de doença”, sublinha o delegado de saúde de Gondomar, Manuel Castro. Já Antónia Ferreira, dirigente do núcleo de saúde da Câmara de Gondomar, explica que os técnicos são de vários serviços da autarquia, desde a juventude à cultura e educação, mas tiveram uma formação específica para esta nova tarefa.

“Neste momento, até os inquéritos estarem devidamente organizados e até que a unidade de saúde pública consiga gerir este trabalho sozinha, esta equipa está destacada só para esta tarefa”, refere Antónia Ferreira. Os técnicos deverão estar com esta função até, pelo menos, ao mês de março.