“Foi um presente de regresso”. As palavras são de Steve Nash, treinador dos Brooklyn Nets, após a vitória da sua equipa por 129-121 no campo dos Indiana Pacers. Mas a prenda teve um destinatário concreto: Kyrie Irving. Foi logo a primeira jogada do encontro, desenhada pelo atual técnico e antigo (grande) craque da NBA. O número 11 dos Nets falhou o lançamento, mas estava iniciado o seu regresso que aconteceu, claro, fora de espaço nova-iorquino.
Irving continua sem estar vacinado contra a Covid-19, pelo que não pode alinhar em encontros que se realizem em Brooklyn. Existem outros estados norte-americanos em que não pode jogar (e também em Toronto, no Canadá), mas os Paceres receberam-no para a estreia na época, que teimou em acontecer porque o conjunto de Brooklyn não queria um jogador a part time. No entanto, o livro de basquetebol que é Kyrie Irving dá jeito a qualquer equipa, em qualquer jogo, pelo menos no plano teórico. E, na madrugada desta quinta-feira, também no plano prático.
Com o mundo de basquetebol de olhos postos na habilidade do base de 29 anos, foi outro artista a estar em destaque. Lance Stephenson, que está com um contrato de dez dias (devido aos casos de Covid-19 nos Pacers) na equipa onde tanto se destacou há uns anos, entrou a todo o gás e apontou 20 pontos consecutivos em seis minutos. No final do primeiro período, os Pacers venciam por 37-32, chegando ao máximo de pontos da equipa em toda a história num primeiro período de um jogo. Lance acrescentaria mais quatro pontos e a equipa de Indianápolis liderava por 13 pontos ao intervalo.
No entanto, a equipa de Brooklyn é muito, muito dotada e, além dos 39 pontos de KevinDurant, os 22 de Irving ajudaram e muito a recuperar de uma desvantagem que chegou inclusivamente aos 19 pontos. Os Nets venceram o encontro e quebraram um jejum de triunfos de três jogos.
No final, Irving, que partilhou com o pai Drederick um momento familiar após o jogo, dando-lhe inclusivamente a camisola, disse sentir “gratidão apenas por estar presente”. “Tive muitas estreias, mas nenhuma chega perto desta. Significa ainda mais porque, após oito meses fora, há muita incerteza. Quantos minutos [jogaria]? Qual o flow do jogo? Como é que os meus colegas se vão sentir? Não se tem nenhuma ideia, então entrei com uma mentalidade aberta para apenas estar cá, presente, e fazer tudo o que era possível para vencer”, referiu o base dos Nets que, segundo as contas e caso continue por vacinar-se, estará disponível para 21 jogos da sua equipa, todos fora de casa.
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Kyrie entrou de início e além da referida bola de abertura, falhou os três primeiros lançamentos e perdeu a bola duas vezes nos primeiros nove minutos de jogo. Apenas já dentro do segundo período acertou no cesto, acabando a primeira parte com oito pontos, três assistências e um roubo de bola, com três em quatro de lançamentos de campo. Mesmo com tanto tempo de ausência, Irving jogou a um bom nível. “Pareceu ele mesmo. É tão talentoso e dotado. O ritmo está lá. Ainda é uma adaptação, pelo que temos de dar algum espaço durante a transição para o regresso, mas esta noite ele foi grande”, disse o canadiano Steve Nash sobre o seu pupilo, que jogou 32 minutos.
Sobre a tão famigerada vacina, e tal como por vezes dança com a bola nas mãos, Kyrie evitou responder de forma concreta se iria ou não ser vacinado e passar a jogar todos os encontros. “Man [sic], estou só a levar as coisas um dia de cada vez. Como disse no começo da temporada, não é uma situação ideal e estou sempre a rezar para que as coisas se resolvam e conseguirmos chegar a um acordo coletivo, fosse com a NBA ou sobre e para outras coisas que pudessem mitigar aquilo com que estamos a lidar, o Covid e a vacina. Acho que todos sentem a situação. Não quero fazer disto uma coisa sobre mim e simplesmente sobre alguém que aligeirou as regras para mim. Eu sabia as consequências e ainda as sei. Mas agora vou levar as coisas um dia de cada vez e aproveitar o tempo que tenho a jogar com os meus colegas. Independentemente de como a situação estiver no final da época, trataremos disso então”, afirmou.
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Nos Brooklyn Nets, como Irving em campo, juntamente com James Harden e Kevin Durant, pode discutir-se quem é o mais importante, mas as opiniões são muito consensuais e recaem sobre este último, que os media norte-americanos sempre disseram ter ido para os Nets pela relação que tem com Irving. Assim, sobre o regresso de Irving, Durant tinha a dizer: “É apenas fantástico tê-lo aqui. Senti falta da sua presença no balneário, da sua energia, da sua vibe. E o seu jogo é tão bonito, torna tudo mais fácil para todos nós. O basquetebol está feliz por tê-lo de volta”.
Está (pseudo) resolvida a situação de Irving, o craque a part-time.